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How to destroy angels_ : Welcome oblivion

Opinião – Ovo de Colombo

Se há pessoa que nunca está parada no mundo da música é Trent Reznor. O vocalista dos Nine Inch Nails, vencedor de Óscares e Globos de Ouro para bandas sonoras de filmes como “The Social Network” e “The Girl With The Dragon Tattoo”, ambos realizados por David Fincher, tem um currículo impressionante. Mas como se isso não chegasse, em 2012 criou o projecto How to Destroy Angels_ para ter algum sítio para onde fluir a sua criatividade musical que não pára há já 25 anos.

O disco é muito conciso, tem uma atmosfera muito específica de um soft industrialism ambiental, trazida essencialmente pelas influências de Atticus Ross, que já trabalha com Reznor desde “Ghosts I-IV”. É-nos feito o convite para entrar na onda do disco não na faixa de abertura, “The wake-up”, que ainda é uma mistela densa de electrónica diversa, mas sim na segunda – “Keep it together”. Aqui sim percebemos onde os How to destroy angels_ querem chegar: música tensa, cheia de graves disseminados por apontamentos pequenos de electrónica sensorial que nos transportam para lugares frios.

De facto, a temática tratada por Trent Reznor tem que ver, quase sempre, com sexo e drogas derivado do seu próprio passado atribulado. Mas o é que a composição musical que é imposta em “Welcome oblivion” é quase sempre muito bem estruturada e bem projectada como o futuro do pós-industrial. Há rasgos de genialidade em “And the sky began to scream”, “On the wing” e “Ice age”, em que o projecto se apresenta num registo diferente: com um banjo a misturar uma folk desprovida de emoções com a belíssima voz de Mariqueen Maandig tornando o single num dos expoentes máximos do álbum.

Por outro lado, há “How long?” que é absolutamente o registo mais fraco de “Welcome oblivion” com enormes semelhanças à fraca pop moderna. Continuando pelo disco fora, é perceptível que o melhor ficou para trás. O que na generalidade faz de “Welcome oblivion” um disco recomendável mas não mais que isso.

O “Welcome oblivion” é o sítio para onde se esperava que os últimos trabalhos de Trent Reznor evoluíssem. Com uma discografia ainda pequena, e supostamente prestes a terminar, os How to destroy angels_ são um projecto a que se deve dar alguma atenção. Isto porque muito do futuro da música moderna já se encontra escrito nas entrelinhas de “Welcome oblivion”.

João Gonçalves*

*Estudante de Gestão na Universidade de Coimbra (Twitter: @jpmgoncalves)

**O autor optou por não escrever ao abrigo do novo acordo ortográfico

Editora: Columbia Records/Lançamento: 5 Março 2013

Sobre o autor

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