A Câmara da Guarda deixou escapar os apoios do SIVETUR (Sistema de Incentivos a Produtos Turísticos de Vocação Estratégica) para a requalificação do Hotel de Turismo. A salvação está agora no Programa de Valorização Económica de Recursos Endógenos (PROVERE) “Serra da Estrela”, ao qual o projecto foi candidatado maquilhado de hotel de charme ligado ao bioclimatismo.
Quase dois anos depois de aprovada a candidatura, Joaquim Valente admitiu a O INTERIOR que «já não há hipótese física de materializar obras este ano, pelo que os apoios estão perdidos». A falta de dinheiro da autarquia para avançar com a sua quota parte do projecto foi o primeiro contratempo. Sem recursos financeiros para levar avante a empreitada, o município virou-se então para os privados. Mas o processo de selecção do novo operador arrasta-se há mais de um ano, estando previsto que o futuro gestor da unidade seja conhecido até ao final do ano. O presidente está optimista nesta solução e garante que os investidores, portugueses e estrangeiros, interessados no hotel mais antigo da cidade continuam dispostos a fazer negócio com a Câmara. «Todos foram informados de que já não poderiam contar com a comparticipação do SIVETUR e, tanto quanto sei, não houve desistências», adianta o autarca.
De resto, Joaquim Valente não dá muita importância ao caso: «O SIVETUR é um programa do terceiro Quadro Comunitário de Apoio que fechou algum tempo depois da candidatura ter sido aprovada, em 2007. Nessas condições era quase impossível fazer alguma coisa», afirma, dizendo que os apoios concedidos eram «da ordem do milhão de euros». Por isso, o presidente do município até vê uma oportunidade neste contratempo, uma vez que acredita que será possível conseguir mais verbas. «Ainda bem que isto aconteceu, porque estou convicto que no PROVERE “Serra da Estrela” haverá uma maior comparticipação comunitária», afirma. O que já está definido é que o hotel, projectado por Vasco Regaleira na década de 40, vai ser vendido a privados. A autarquia, proprietária e actual gestora da unidade, optou pela alienação de quotas por negociação directa com «três ou quatro operadores seleccionados», revelou recentemente Vítor Santos, vereador e gerente da sociedade Hotel Turismo.
Baseadas num projecto do arquitecto João Rafael, as obras, orçadas em cerca de nove milhões de euros, destinam-se a transformar o Turismo numa unidade de quatro estrelas e ficarão a cargo do futuro dono. Está previsto um “health club”, uma zona de congressos, mais quartos e “suites”, bem como o aumento da zona de estacionamento. Actualmente está em curso a sua classificação como Imóvel de Interesse Nacional, Público ou Municipal pelo IPPAR (Instituto Português do Património Arquitectónico). Desde Outubro do ano passado que a unidade está a ser gerida pela autarquia, depois da rescisão do contrato com a Predial das Termas. Curiosamente, na semana passada, a última concessionária tinha programado vir buscar diverso mobiliário e equipamento – nomeadamente toda a maquinaria da lavandaria – que adquiriu para o hotel após ganhar a concessão. O que só não aconteceu devido a um pedido da Câmara, com o argumento de que o Turismo ainda não vai fechar «tão cedo».
Luis Martins