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Hotel de Turismo da Guarda, Um Ano Depois

Fez já um ano que aqui escrevi que a venda do Hotel de Turismo da Guarda ao Instituto de Turismo de Portugal, para aí ser aberta uma escola, poderia não ser uma má ideia. A perda de postos de trabalho poderia ser futuramente compensada com a criação de outros e a transferência da propriedade para o Instituto de Turismo garantia a permanência desse património no domínio público. Apenas sugeria que se pagassem indemnizações aos trabalhadores superiores aos mínimos legalmente exigidos.

Pois a verdade é que passado um ano pouco se nota de novo. Nas portas há folhas de papel anunciando o encerramento do Hotel e o edifício começa a mostrar os sinais de um longo abandono. Notícias também não abundam sobre o que se passa e uma pesquisa no Google apenas nos dá notícias dos seus cem quartos e duas suites, como se tudo estivesse como antes – e não está.

Se a ideia era esta, então quer a Câmara da Guarda quer o Instituto de Turismo fizeram um péssimo negócio, aniquilando do mesmo golpe um dos emblemas da cidade – ao mesmo tempo que, com o custo das miseráveis indemnizações que pagaram, lograram condenar ao desemprego dezenas de trabalhadores. Se era isto que queriam, então parabéns, conseguiram. Ainda por cima a venda do Hotel acabou por servir apenas para a Câmara Municipal da Guarda amenizar temporariamente os seus problemas financeiros. Um ano depois continua em apuros e já não é proprietária de um dos seus mais valiosos bens: vão-se os anéis e os dedos…

Mas torna-se evidente que a asneira tomou proporções maiores. É que se a ideia era abrir aqui uma escola de turismo, então havia que pensar melhor sobre a oportunidade e interesse da sua abertura. É que já temos uma escola de Turismo no Instituto Politécnico da Guarda e a criação de uma escola concorrente, ainda por cima pública, não parece ser uma ideia muito inteligente. Essa nova escola iria certamente retirar alunos à já existente, prejudicando-a. Ou então, não conseguindo competir com ela seria um nado-morto. Saldo geral da operação, no ponto em que estamos? Milhões de euros deitados ao lixo para nada. Um hotel encerrado, dezenas de desempregados, uma unidade hoteleira a facturar a menos, para nada. Há uma antologia da asneira? Temos aqui um candidato aos primeiros lugares.

Solução? Há ainda tempo para dar algum sentido a tudo isto. Uma maneira seria entregar o Hotel de Turismo à Escola Superior de Turismo e Hotelaria do IPG com a criação, se necessário, de um polo dessa escola na Guarda. O IPG tem os meios humanos para isso e a utilização de um espaço como o do Hotel de Turismo só poderia enriquecer a Escola Superior de Turismo e a experiência que pode proporcionar aos seus alunos.

A alternativa é, a coberto da crise, deixar apodrecer para nada e para sempre um edifício emblemático da cidade.

Por: António Ferreira

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