Arquivo

Hospital da Misericórdia em Novembro

Estado dá empurrão a unidade de saúde privada na Guarda

A Misericórdia da Guarda espera ter em funcionamento algumas valências do futuro hospital ainda antes de Novembro. O anúncio foi feito por Jorge Fonseca à margem da cerimónia de assinatura de protocolos com o Ministério da Saúde, realizada na última segunda-feira no Governo Civil. Reagindo pela primeira vez à polémica do alegado afastamento do grupo espanhol San Marcos do projecto, o provedor deixou no ar a ideia de que terão sido os parceiros de Salamanca a «inviabilizar» a parceria. «O tribunal é o lugar próprio para apresentarmos os nossos argumentos neste e noutros casos que têm sido veiculados pela comunicação social», disse.

Polémicas à parte, a Santa Casa da Misericórdia protocolou com o Ministério da Saúde a cedência de 14 das 37 camas existentes na Unidade de Cuidados Continuados do futuro Hospital Dr. Francisco dos Prazeres, em fase de construção entre as ruas Francisco dos Prazeres e Pedro Álvares Cabral. A instituição garantiu também que qualquer utente que necessitar de cuidados de saúde naquela unidade terá direito à natural comparticipação do Estado no âmbito do Serviço Nacional de Saúde. «Na prática, estes protocolos são a viabilização de um projecto que a Misericórdia persegue há alguns anos, que é reactivar o seu hospital», admitiu Jorge Fonseca. O provedor já garantiu que a Unidade de Cuidados Continuados deverá entrar em funcionamento até Novembro deste ano, enquanto a unidade de recuperação global (fisioterapia), imagiologia (concessionada a privados), e consultas externas poderão abrir ainda antes. «Vamos fazer o possível», garantiu. O futuro hospital vai nascer nas antigas instalações da Misericórdia, sendo constituído por três pavilhões. Os imóveis situados a poente e nascente irão sofrer uma intervenção de raíz, enquanto o ex-bloco de Urgências não exigirá trabalhos aprofundados. O projecto ficará apetrechado para prestar serviços personalizados e complementares aos que existem na Guarda com «qualidade e subordinado ao conceito “one stop shopping”», que consiste no tratamento global de tudo o que é básico nos cuidados de saúde das pessoas.

A unidade ficará dividida em três áreas específicas: serviços hospitalares, cuidados continuados e edifício social e administrativo, situado junto à rua que vai dar nome ao futuro hospital. No primeiro caso, os seis andares disponíveis irão permitir retomar as funções originais, exceptuando a Urgência, enquanto o segundo – a ala central – será reservado para o internamento de doentes temporários e prolongados. Ao todo, o projecto prevê 61 camas (37 nos cuidados continuados mais 24 na unidade hospitalar), mas também duas salas de operações e uma para pequenas cirurgias, nove gabinetes de consulta, zonas específicas para exames e meios complementares de diagnóstico, ginásio para medicina de reabilitação e Raio X tradicional.

PS «empatou» terreno do hospital

Durante a cerimónia, Patinha Antão, secretário de Estado Adjunto do Ministro da Saúde, considerou que as Misericórdias têm sido um parceiro «muito especial» e são exemplos «a seguir» na prestação de cuidados de saúde. O governante recordou que a saúde é uma «questão primordial» para que os portugueses definam os seus projectos de vida. «Não haver garantias de bons cuidados médicos, é um sinal para que abandonem as suas terras», referiu, introduzindo o tema do futuro hospital da Guarda. «O PS não só empatou a solução deste problema, pois a escolha do terreno poderia ter sido mais rápida e clara, como também põe em dúvida a solução das parcerias público-privadas e quer afastá-la na Guarda», criticou Patinha Antão, alegando que são os «profissionais da saúde» quem diz «em uníssono, que faz todo o sentido construir na Guarda este hospital». E avisou que «cada dia que passa é mau para a cidade e para o país». O secretário de Estado desafiou ainda os socialistas para um debate sobre esta matéria. «Estou convencido que eles vão render-se aos meus argumentos», sustentou.

Luis Martins

Sobre o autor

Leave a Reply