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Hospital da Guarda garante funcionamento da maternidade

Problemas na maternidade devem-se ao facto da Ordem dos Médicos ter passado a exigir um pediatra em permanência na obstetrícia

A administração do Hospital Sousa Martins contava ter solucionado esta semana o problema da maternidade com a disponibilidade de uma pediatra para fazer os fins-de-semana e uma sexta ou segunda-feira, os dias mais problemáticos na escala daquela valência. Curiosamente, trata-se da especialista que deixou recentemente o hospital guardense para fazer uma especialização em Neonatologia e que se terá «prontificado a ajudar», segundo Isabel Garção, presidente do Conselho de Administração (CA) e directora do hospital. De resto, os responsáveis pela Pediatria estiveram reunidos na última terça-feira para resolver o problema da maternidade instituindo, nomeadamente, a continuidade do sistema de clínicos de prevenção nos dias em que não há pediatras suficientes para assegurar as duas valências.

«O que aconteceu no fim-de-semana do Carnaval foi episódico e não vai voltar a repetir-se», garante Isabel Garção, que na terça-feira já terá dado conta da solução encontrada aos representantes do Movimento Cívico “P’la Criança” numa reunião com o CA. «A Pediatria esteve em pleno durante ano e meio e ainda hoje continua assim. O problema neste momento é que, em certos dias, não conseguimos escalonar pediatras para garantir a maternidade, porque já estão adstritos a outra área», refere a directora, acrescentando que a situação actual deriva do facto da Ordem dos Médicos ter passado a exigir um pediatra em permanência na obstetrícia, o que é impossível garantir no Sousa Martins dado o quadro médico do serviço. Actualmente, há cinco especialistas de pediatria no Hospital da Guarda, mas o facto de uma das médicas só trabalhar dia e meio por semana e de outra estar a fazer formação esteve na origem do recente fecho da maternidade e da consequente transferência de pelo menos três grávidas para o Centro Hospitalar Cova da Beira, na Covilhã. Cenário que não voltará a acontecer, insiste Isabel Garção, graças à vinda dessa médica para «colmatar as segundas e sextas-feiras».

De resto, a directora do Sousa Martins sublinha que a situação «não é a mesma» que há ano e meio atrás: «A Pediatria continua aberta, a urgência pediátrica funciona com clínicos gerais e a maternidade vai voltar a funcionar sem interrupção», acredita. Diz-se, por outro lado, «bastante optimista» quanto ao próximo concurso de carenciados – «desde que a tutela centralize as atenções para os hospitais mais problemáticos, como o nosso», esclarece – e ao recrutamento de especialistas através de sociedades de Pediatria, nomeadamente espanholas. É que do país vizinho terão mesmo chegado meia dúzia de possíveis interessados, refere a directora, que revela ainda o interesse de um casal de pediatras em vir para a Guarda a partir de 2005. Até lá, assegura que a Pediatria do Sousa Martins está a prestar «cuidados com qualidade».

Serviço está «indiscutivelmente muito melhor»

O Movimento Cívico “P’la Criança” considera que a Pediatria do Hospital da Guarda está «indiscutivelmente muito melhor» que há quatro anos atrás, quando nasceu para exigir um melhor funcionamento do serviço e a abertura da urgência pediátrica. «As nossas reivindicações estão satisfeitas neste momento e esperamos que assim continue. Mas também queremos que a obstetrícia funcione na Guarda», disse Pedro Nobre, um dos dirigentes do movimento, após a reunião com o Conselho de Administração do Sousa Martins da última terça-feira. Um encontro durante o qual ficaram a saber que o problema da obstetrícia deve-se à exigência da Ordem dos Médicos em impor em permanência um médico pediatra naquela valência hospitalar. «Uma regra muito difícil de cumprir na Guarda dada a carência de especialistas nessa área, pelo que apelamos aos obstetras do hospital para que aceitem trabalhar com pediatras em regime de prevenção, que era o que já acontecia», refere Pedro Nobre. Mas o encontro, que decorreu ao final da tarde, também foi aproveitado para «lembrar aos mais desatentos que o Movimento “P’la Criança” sempre foi autónomo, agiu de acordo com os princípios que nortearam a sua fundação e nunca andou a reboque de ninguém».

Luis Martins

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