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Hospital da Guarda debaixo de fogo após morte de bebé na barriga da mãe

PJ, IGAS, ERS e ARS Centro estão a investigar as circunstâncias do falecimento e a apurar indícios de eventual homicídio por negligência por alegada falta de assistência médica nas Urgências

Começou na segunda-feira o inquérito ao caso da bebé que morreu, na passada quinta-feira, no ventre da mãe nas Urgências do Hospital da Guarda após mais de hora e meia de espera para ser assistida pelo obstetra de serviço. O médico já foi ouvido pelos instrutores, tendo o corpo da criança sido autopsiado no mesmo dia por um perito médico-legal de Coimbra.

De acordo com o “Jornal de Notícias”, esta perícia terá permitido concluir que a grávida de 39 anos terá sofrido um «descolamento súbito da placenta», o que poderá ter estado na origem da morte da bebé. Contudo, o relatório final da autópsia ainda está dependente de mais exames. Além desta perícia, o caso também está a ser investigado pela Polícia Judiciária (PJ) por alegada falta de assistência médica, tendo sido ouvidos pelos inspetores o obstetra em causa – um clínico reformado de Santarém que presta serviço no Sousa Martins – e outra médica do quadro Unidade Local de Saúde (ULS) que também estava nas Urgências naquela tarde. O objetivo é apurar se há indícios de eventual homicídio por negligência. Já o ministro da Saúde anunciou que a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) está igualmente no terreno. «Vamos tentar perceber o que aconteceu», declarou Adalberto Campos Fernandes aos jornalistas na sexta-feira, no final da comissão parlamentar de Saúde, em Lisboa, tendo acrescentado que até se perceber as circunstâncias do sucedido «ficamos preocupados e temos de agir para ter a certeza que não falhou nada que pudesse ter falhado».

O caso chamou também a atenção da Entidade Reguladora da Saúde, que abriu um processo de avaliação e pediu todos os elementos ao Hospital Sousa Martins para analisar o que se passou. Já a Administração Regional de Saúde (ARS) do Centro procedeu à instauração de um inquérito e garantiu que serão apuradas «todas as responsabilidades e respetivas consequências resultantes do processo de averiguações». O procedimento envolve especialistas externos à Unidade Local de Saúde (ULS) guardense – três obstetras e um jurista. O desfecho trágico aconteceu na manhã da passada quinta-feira, quando uma mulher em final de gestação acorreu às Urgências do Sousa Martins com perdas de sangue e acabou por perder a bebé após ter esperado hora e meia para ser vista por um obstetra.

«A mulher foi registada às 9h34 com perdas de sangue pouco significativas. Foi realizada uma ecografia fetal que confirmou a morte do feto», adiantou o presidente do Conselho de Administração da ULS, acrescentando que a mulher foi posteriormente encaminhada para o bloco operatório para uma cesariana. Carlos Rodrigues indicou que logo após o registo da ocorrência foram solicitados «de imediato» esclarecimentos ao diretor do Departamento de Saúde da Criança e da Mulher e à diretora do Departamento de Saúde, que elaboraram um relatório preliminar que deu origem ao inquérito que já está em curso. Cláudia Costa, professora de Português, estava grávida depois de ter recorrido a sucessivos tratamentos para conseguir engravidar e o parto por cesariana estava previsto para dia 27 deste mês. Apesar de residir na Covilhã, a docente escolheu a maternidade da Guarda para ter a bebé, uma vez que a mãe é funcionária da instituição e o seu marido é técnico do serviço de Radiologia.

Luis Martins Autópsia à bebé terá revelado que grávida sofreu um «descolamento súbito da placenta»

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