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Hospital da Covilhã ajuda funcionários a comprar mota

Iniciativa não agrada ao Sindicato dos Enfermeiros, que denuncia «exploração» e «clima de pressão e mal estar constante»

O Centro Hospitalar da Cova da Beira (CHCB) vai negociar a aquisição de motas para que os funcionários possam deixar o carro em casa – uma medida destinada, sobretudo, a minimizar o problema da sobrelotação do estacionamento naquela unidade.

Segundo João Casteleiro, a administração do CHCB vai comprar um conjunto de veículos motorizados que os funcionários interessados poderão pagar em 12 ou 18 meses, sem juros. O administrador adianta que as negociações «estão em curso», sendo que o modelo a adquirir deve ser «definido nas próximas semanas». O projecto deverá arrancar com 20 a 30 motas e a administração acredita que já há «vários interessados». De resto, o próprio João Casteleiro admite comprar uma mota. «Nem que seja para dar o exemplo», sustenta, acrescentando que, com a actual conjuntura, «as preocupações ambientais e a racionalização do consumo devem ocupar as nossas cabeças». Por outro lado, as motorizadas vão permitir minimizar o problema da sobrelotação do parque de estacionamento do Hospital da Covilhã, recorrente desde a sua inauguração, há cerca de nove anos. «Aumentámos o espaço em mais 100 lugares só no último ano, mas continua a ser insuficiente. Quantos mais criamos, mais ocupam», lamenta.

No entanto, esta ideia já motivou uma reacção negativa do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), que acusa o CHCB de adquirir motas «para vender aos trabalhadores, enquanto afirma não ter dinheiro para admitir funcionários e pagar horas extraordinárias». Em comunicado, o sindicato duvida que «uma empresa do sector empresarial do Estado, cujo objectivo não é o lucro», possa servir de «intermediário na aquisição de viatura» e ironiza: «Estará o Conselho de Administração a pensar montar um stand de velocípedes nas instalações?». O SEP acusa ainda o Centro Hospitalar de não ter verbas para «pagar horas extraordinárias a enfermeiros contratados, que, inclusivamente, são ameaçados de rescisão dos contratos caso requeiram o seu pagamento», mas também de não abrir concursos de acesso às diferentes categorias «ainda que esteja a explorar os enfermeiros colocando-os na coordenação de serviços sem qualquer acréscimo remuneratório», entre outras acusações.

«A missão do CHCB é a prestação de cuidados de saúde ou é uma empresa gerida por e para amigos, isolada do contacto com parceiros sociais, onde está instalado um clima de pressão e mal-estar constante», denuncia o sindicato. Entretanto, o Hospital Pêro da Covilhã anunciou que vai instalar um sistema de energia solar para o aquecimento de toda a rede interna de água. O investimento ronda os 400 mil euros e poderá permitir, a médio prazo, o aquecimento de todos os edifícios da unidade. A primeira fase deverá estar a funcionar no início deste mês e, futuramente, será implementada no Hospital do Fundão.

Rosa Ramos

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