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Homicida confesso de Rosa Gaspar devia responder hoje em tribunal

Estava na Covilhã desde Junho, alegadamente para fugir dos maus tratos do ex-companheiro

Uma mulher de 37 anos foi assassinada na manhã do passado dia 2, após ter estacionado o carro para levar a filha, de dois anos e meio, ao infantário “Bolinha de Neve”, na Covilhã, e dirigir-se depois à repartição de Finanças da Covilhã, onde trabalhava. O autor do crime, que acabou por se entregar na esquadra da PSP, é o ex-companheiro da vítima e terá abordado Rosa Gaspar pelas costas, proferindo-lhe um golpe no pescoço que foi fatal. A filha do casal encontrava-se dentro do automóvel, mas assistiu ao acto e, embora não tenha sofrido ferimentos, foi transportada para o Hospital Pêro da Covilhã, em estado de choque.

Depois do crime, Jaime Marques, de 38 anos e engenheiro electrotécnico numa empresa em Lisboa, colocou-se em fuga num automóvel. Mas entregou-se durante a tarde. Ouvido no Tribunal da Covilhã na última quinta-feira, o suspeito vai aguardar o desenrolar do processo em prisão preventiva no estabelecimento prisional da cidade. Rosa Gaspar vivia em Lisboa e trabalhava na repartição de finanças do Cacém. A relação com Jaime Marques durava há quatro anos, mas a vítima ter-se-á mudado em Junho para Silvares, de onde era natural, alegadamente por ser vítima de maus tratos por parte do companheiro. E ao que parece o historial de violência familiar no seio do casal já era longo. Segundo avançou na semana passada o jornal “Público”, Rosa Gaspar terá sido espancada pelo companheiro ao longo dos últimos dois anos e chegou a apresentar duas queixas em Sacavém, tendo desistido da primeira. No entanto, estava previsto que o ex-companheiro respondesse hoje no Tribunal do Fundão pela última cena de violência que terá levado a cabo e que terá motivado a fuga de Rosa Gaspar para junto da família.

Mesmo longe, Natália Gaspar, a irmã, refere que durante os últimos meses Rosa recebia «diariamente ameaças do antigo companheiro, via telemóvel e e-mail». O cunhado Gonçalo Capelo vai mais longe e garante mesmo que o crime terá sido «premeditado, porque ele era um homem inteligente e não um louco, que agisse por instinto». De resto, a irmã conta que a transversal à Rua Frei Heitor Pinto, onde o crime aconteceu, era o local onde Rosa Gaspar deixava sempre o carro, «por se tratar de um sítio escondido». É que, segundo Natália Gaspar, a irmã tinha «muito medo que ele a encontrasse, porque as ameaças sucediam-se». O cunhado conta que nos últimos meses entrou em contacto «várias vezes» com Jaime Marques e lhe terá dito «que podia vir ver a Catarina, desde que a menina estivesse acompanhada por mim e pelo avô». Mas a verdade é que «ele nunca se interessou pela criança e nunca cá veio», contam. Ao que tudo indica, a custódia da pequena Catarina deverá ficar agora com este casal. O funeral de Rosa Maria Gaspar aconteceu na passada sexta-feira em Silvares, tendo marcado presença mais de duas centenas de pessoas.

Rosa Ramos

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