Numa galáxia distante, havia um reino com muitos ricos e alguns pobres, como existe em qualquer outra galáxia. Também havia médicos para os ricos e outros para os pobres. Os dos ricos tinham inteligência a pilhas de boa qualidade, que permitiam ter boas e grandes ideias, como, por exemplo, internar os ricos em boas clínicas (onde os exames eram feitos na hora e com resultados imediatos) de onde vinham revigorados e com óptimo aspecto. Os médicos dos pobres tinham inteligências mais reduzidas, devido às pilhas de fraca qualidade, que só lhes permitiam ter umas ideias fraquinhas, lentas e demoradas – como os exames que mandavam fazer aos doentes pobres que, por norma, quando aqueles chegavam já tinham morrido…!
Daí, nessa galáxia, haver poucos pobres. Um bom exemplo que já vai sendo usual na nossa. Mas, às vezes, também se enganavam. Julgavam estar a tratar um pobre e zás… ele até era rico!
Aí tudo se baralhava: o pseudo-pobre lá ia parar à clínica dos ricos, era bem tratado e a troco de alguma sorte e uma boa dose de cheques, saía em óptimas condições. A saúde na tal galáxia também era cara e não valia a pena reclamar contra o sistema, pois ali ninguém ouvia ninguém.
Não é assim na nossa?
Zelinda Rente, Freches (Trancoso)
