Nuno Salpico (a coincidência deste tema meter água é um acaso) e José Pires (a coincidência de falarmos de um Portugal piroso mais acaso é) são, ou foram, da direcção da OSEC (Observatório de Segurança de Estradas e Cidades) e denunciaram várias vezes a má construção das estradas em Portugal.
Disseram que os pavimentos das estradas «apresentam macro-rugosidades deficientes» e os sistemas de drenagem das linhas de água pluviais não são adequados, fazendo com que a água da chuva se acumule, e disseram-no de modo veemente. Chegou a haver queixas às entidades tidas por adequadas. Salpicaram o poder de denúncia, mas dos pirosos nem caso. O que estamos a dizer é que um carro que vai direito no seu caminho pode encontrar uma poça na estrada com mais de 40 metros e perder a aderência ao asfalto. “Spinning out” – ir borda fora. Estas linhas de água podem ter até dois metros num mundo aceitável. Mas por cá batemos o Guiness com 104 metros. Assim fizemos mais autoestradas que todos os outros, enchemos os bolsos de empresas como a Mota-Engil e ficámos vulneráveis a esta conduta negligente que vem de ninguém vigiar a construção destes perigos. Eu hidroplanei na A25, ao Km 124, quando o carro tomou o freio nos dentes e passeou entre os rails batendo como e onde quis. Um susto a uma altura enorme, sobre um viaduto coberto de água. Uma piscina a caminho da Guarda. Foi há alguns meses e não me aleijei, mas só me apeteceu falar disto agora. Assim, junto este salpico ao do Nuno e do Rui e indigno-me da incompetência dos canalhas. As piores estradas da Europa estão aqui.
Por: Diogo Cabrita