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Haja Oposição por um Hospital Distrital condigno

Os jornais da Guarda dizem que a Unidade de Cuidados Intensivos (UCI) do Hospital Sousa Martins (HSM) deverá reabrir em Março. Em tempos de filosofia política que maximiza a pouco imaginativa corrente economicista em detrimento do social, que um Serviço reabra, é de facto uma grande notícia. Contudo, é inquietante que esta notícia, aparentemente boa, esconda o que realmente é: – uma notícia sobre o fracasso e falta de rigor da governação e administração pública! Basta lembrar os jornais regionais e até “sites” do Governo que afirmaram que a UCI ia fechar para obras por três meses. Três! Não 5 ou 6! Com as obras a começar assim que a Unidade fechou e não um ou dois meses depois.

Ou seja, sempre mais do mesmo, agora, com a agravante do silêncio dos políticos, cidadãos e comunicação social cá do burgo. Duvidam?

Em Novembro de 2007 um jornal da terra dedicou várias páginas às façanhas do HSM. A quantidade de imprecisões assustava qualquer cauto utente. Não só fotografias e alusão a profissionais que nem sequer já lá trabalhavam na altura, como Serviços que, na sua descrição, são pura ficção:

As Urgências, com tantas cores e computadores espalhados pelas paredes a dar um ar de Hollywood, continuam o mesmo caos de sempre – péssimas instalações, tempos de espera insuportáveis, falta de informação e especialistas, sempre à beira do colapso – e com os nossos idosos pelos corredores, com a privacidade que recorda a de um campo de concentração.

A Pediatria, outrora tão defendida, e bandeira de luta de tantos políticos, mantém o Serviço com apenas duas ou três especialistas à beira do esgotamento, e em nada diferente do que acontecia com administrações anteriores.

A Cardiologia arrasta-se entre o esforço dos dois únicos cardiologistas do quadro e a boa-vontade de três reformados que vêem um Serviço com a corda da sobrevivência ao pescoço, apesar do ex-ministro da Saúde ter afirmado que ia ser um Centro de referência para toda a Beira!

A Radiologia continua com as suas licenças e contratos dúbios, sem prestação estável à altura, excessivamente dependente de privados que nem sequer colmatam as necessidades das Urgências.

A Oftalmologia, de onde outrora saíram vozes tão críticas, têm uma vergonhosa lista de espera de quase três anos, obrigando a população a recorrer a privados, onde, aí sim, não falta amabilidade e eficácia, tudo em troca de umas largas dezenas de euros.

Mas disto, nada se fala! Noutros tempos a oposição era acérrima, combativa, quase gladiadora. Não havia mês nenhum que não soubéssemos das misérias políticas e administrativas daquela Instituição. Hoje, só silêncio. Até de uma incapacidade e insucesso se faz notícia, jogando com a pobreza e esperança das nossas gentes.

Haja, pois, oposição cívica que exija dos nossos políticos e administradores públicos outra coisa bem mais justa e digna que o de serem um punhado de “gangs” que usam a comunicação social e o exercício do poder com demagogia e como um instrumento de fácil e rápido acesso à glória pessoal e ao benefício próprio.

Maria da Fonte Vieira, Guarda

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