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Haja luz

Presidente da Junta de Panóias de Cima tem quatro candeeiros públicos à porta de casa

Não falta luz à porta da casa do presidente da Junta das Panóias de Cima (Guarda). Armindo Costa reside no Barracão e reassumiu em 2005 os destinos da freguesia após um interregno de quatro anos. A avaliar pelo número de candeeiros que existem à volta da sua habitação pessoal, a iluminação é um aspecto que o autarca não descura. Há pelo menos quatro a escassos metros da vivenda onde reside, todos eles dentro da sua propriedade. Três estão direccionados para a casa e o quarto está apontado para a habitação do filho, ali mesmo ao lado.

Factos que Armindo da Costa não negou quando O INTERIOR visitou o local na passada segunda-feira. «Tenho candeeiros públicos na minha propriedade, sim senhor, porque é que não hei-de ter? Há candeeiros em todo o lado», respondeu. E, para que não restem dúvidas quanto à legalidade da caricata situação, Armindo da Costa explicou-se da seguinte forma: «Estou aqui para fazer bem ao público e não a mim. Os candeeiros que estão na minha propriedade paguei-os do meu bolso, não foi a EDP. Para eles meterem a luz, passámos isto a público, porque não havia interesse nenhum em isto ser privado. Caso contrário só podíamos pôr um candeeiro a iluminar uma casa. Então eu, automaticamente, pus candeeiros em todos os postes para que realmente isto se tornasse público. A baixada desde o Barracão até à quinta [onde reside] foi toda feita por nós [Armindo da Costa e os irmãos]», esclareceu.

No entanto, a história já era ligeiramente diferente no dia seguinte, pois o presidente da Junta garantiu, em contacto telefónico, que, afinal, não foi ele quem mandou colocar aqueles postes de electricidade. «Estão aqui desde 1976. Foi o antigo presidente da Junta que os mandou cá pôr. Mas se quisesse pôr uma dúzia deles na minha casa, ou na de um habitante qualquer, punha», reiterou, garantindo que tem favorecido muita gente em vez de si próprio. «De tal forma que nem tenho água nem saneamento básico em casa», exemplificou, sublinhando que «nunca me podem tirar a luz que pus à minha porta porque está legal». O INTERIOR contactou a EDP sobre o insólito da situação, mas o director da área operacional da Guarda, Mário Pina, retorquiu que todos os assuntos relacionados com a iluminação pública estão sob a alçada da Câmara. «Geralmente, são as Juntas que pedem a iluminação às Câmaras, que, por sua vez, nos fazem chegar o pedido. Nós limitamo-nos a colocar candeeiros onde nos é pedido», declarou.

Por sua vez, Vítor Santos, vereador da autarquia, disse «desconhecer» o caso. «A indicação que tenho é que a iluminação foi colocada em 1979 ou 1980 e que os focos estão direccionados para a via pública», acrescentou. E recordou que, na década de 70, «era a Junta que tratava destas matérias directamente com a EDP». Além do mais, naquela zona havia muitos caminhos agrícolas. Por isso, trata-se de uma situação «alheia à Câmara». Ainda assim, Vítor Santos assegura que o caso vai ser averiguado. «Se se concluir que há alguma ilegalidade, a autarquia fará o que é da sua competência e o senhor presidente será notificado enquanto cidadão que é», adianta, dizendo que vão ser analisados os pedidos de iluminação feitos «nos últimos 10/15 anos pela Junta de Panóias». A informação será depois “cruzada” com fotografias do local, que, segundo o vereador, foram tiradas na passada terça-feira. «Em menos de um mês o assunto estará esclarecido», promete.

Rosa Ramos

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