Perto de 40 bombeiros de Manteigas ameaçam abandonar a corporação se o presidente da direção da associação humanitária não se demitir até sábado. O comandante e o seu adjunto já se demitiram alegando falta de entendimento e o porta-voz dos “soldados da paz” garante que é o próprio socorro às populações que poderá estar em causa.
Francisco Gomes adiantou a O INTERIOR que, na semana passada, foi entregue uma carta ao presidente da Assembleia-Geral em que era dado «um prazo até dia 12 [este sábado] para que a direção saia toda em bloco, principalmente o presidente, mas é preferível saírem todos os elementos. Caso não saiam, 40 bombeiros deixam de exercer funções» na segunda-feira. O subchefe garante mesmo que «com este presidente ou elementos desta direção não trabalhamos», indicando que o comandante Humberto Luís e o seu adjunto Francisco Tacanho pediram a demissão a 31 de dezembro porque «não tinham condições para trabalhar». De resto, o porta-voz do descontentamento assegura que «os bombeiros não queriam que este comando caísse», embora recorde que o comandante demissionário foi escolhido pela atual direção. «Se não consegue trabalhar com quem o nomeou é complicado», refere Francisco Gomes.
Segundo o subchefe, a corporação conta cerca de 60 bombeiros, pelo que se saírem 40, que «asseguram o socorro principal, haverá uma falha grande e o socorro às populações no concelho e na Serra da Estrela poderá ficar comprometido». Em causa estará, nomeadamente, a operacionalidade da brigada de 15 elementos da corporação de Manteigas que participa no dispositivo de socorro na Serra da Estrela durante os meses de inverno. Sobre os motivos que levaram a esta situação de rutura, Francisco Gomes relata que «tem havido pressão por parte da direção e quem não é a favor das ideias do presidente torna-se uma espécie de alvo a abater». O porta-voz sustenta ainda que há «perseguição aos bombeiros, uma série de promessas que não foram cumpridas pela direção» e que «há falta de material» no quartel para intervir diariamente. Na sua opinião, o presidente preferiu «fazer obras na sede, remodelando o salão nobre e o bar, quando para os bombeiros há coisas mais importantes a fazer, como reparar viaturas que precisam de arranjos».
Francisco Gomes fala em carros com «condições degradáveis, já com mais de 20 anos», e que na corporação também «falta material» de socorro, daí que questione que «se não temos material e condições para socorrer a população, como é que vamos fazer?». O subchefe assegura que «o que nos move não são questões monetárias, mas antes o mau ambiente, perseguições feitas pela atual direção aos elementos do corpo ativo e também a falta de meios que existem nesta corporação para o socorro à população». No passado sábado houve uma reunião entre bombeiros descontentes e órgãos sociais da Associação Humanitária, mas nada mudou. «Caso o presidente não saia, nós vamos mesmo deixar de exercer funções na segunda-feira», assegura Francisco Gomes. O INTERIOR tentou obter uma reação de Manuel Rabaça Pinheiro, presidente da direção dos Voluntários de Manteigas, mas, apesar das tentativas, tal não foi possível até ao fecho desta edição.
Ricardo Cordeiro
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