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Guardenses à boleia das redes sociais

As boleias estão de volta mas com um conceito novo: os pedidos são feitos no Facebook e o público-alvo é mais abrangente

Mudam-se os tempos, mudam-se os hábitos. O célebre dedo polegar levantado está a ser substituído por publicações no Facebook, onde os guardenses pedem e oferecem boleia.

Depois de vários grupos de abrangência nacional, é a vez das boleias “virtuais” a nível local, uma iniciativa que quer ajudar a poupar a carteira e o ambiente. Porém, ao invés do tradicional, quem pede boleia fá-lo maioritariamente para repartir as despesas e não por ausência de alternativas. O princípio é fácil: publicar no grupo a viagem que se vai realizar e esperar que alguém tenha o mesmo destino. “Boleias Guarda” e “Boleias Guarda-Lisboa e Lisboa-Guarda” – administrados por Isabel Coelho e Hugo Monteiro, respetivamente – são os grupos mais procurados, com “adesões” da ordem das centenas, mas sem uma resposta de igual dimensão. Apesar disso, Isabel Coelho mostra-se otimista: «Se repararmos na evolução do “Boleias: Porto-Lisboa e Lisboa-Porto”, um grupo que já tem dois anos, foi uma adaptação demorada mas agora tem mais de 9 mil membros e uma média de 42 publicações por dia», refere.

A ideia surgiu na altura do Festival Tempo d’Aldeia (São Pedro do Rio Seco), que coincidiu com «um período de intensificação das greves da CP, o que levou os visitantes a procurar alternativas», adianta a promotora. «Propusemos que participassem nesta página de boleias e foi muito positivo. Acabaram por partilhar viagem pessoas que nem sequer se conheciam», acrescenta Isabel Coelho. Aos poucos, a solução improvisada começou a ser encarada como um caminho a seguir, porque «se poupa no combustível e no ambiente, mas também é uma oportunidade de conhecer pessoas novas», considera. Com a divulgação recente, o “Boleias Guarda” foi crescendo e deixou de ser apenas um meio de comunicação entre amigos. No entanto, esse aumento ainda não teve resultados práticos, já que a administradora não tem conhecimento de qualquer boleia combinada através deste grupo.

Por seu lado, Hugo Monteiro criou o “Boleias Guarda-Lisboa” para facilitar a colaboração entre estudantes que querem regressar a casa mas não o fazem regularmente para evitar gastos. «Em vez de contactos mais diretos, começámos a usar o grupo para abranger outras pessoas com necessidades idênticas», afirma o promotor. «Antes do recurso ao “Boleias”, não conseguíamos chegar a todos os amigos nem cruzar horários, o que é facilitado pelas redes sociais», exemplifica. Esta iniciativa, que se destina a repartir custos e a servir uma rede extensa de guardenses, é também uma resposta «à imposição recente de portagens na A23 e A25», salienta Hugo Monteiro. Para o administrador, o balanço é positivo: «Há cada vez mais pessoas a aderir e a oferta está a aumentar», constata.

Contudo, criado em agosto, o grupo conta apenas com uma dezena de publicações, sem informação se alguma destas foi realmente aproveitada. Tal como outros casos nas redes sociais, nem todos os “aderentes” o são na prática, pelo que a iniciativa está aquém das suas capacidades. Andar à boleia nunca foi tão fácil, mas o novo método ainda é estranho para a generalidade dos guardenses.

Sara Quelhas Pedir boleia nunca foi tão fácil, mas os resultados ainda não convencem

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