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Guardas “desunidas”

Projeto de fusão entre dois clubes da cidade falhou devido a questões de «coração»

«Não foram razões substantivas» que fizeram com que as negociações entre as direções de Guarda Desportiva e Guarda Unida para um projeto de fusão entre as duas coletividades não tivessem tido êxito.

António Pissarra, presidente do Guarda Unida, indica que foram «mais questões de caráter formal e sem grande importância» que estiveram na base do desacordo. «São questões que têm mais a ver com o coração e as emoções no desporto contam muito», reconhece o dirigente, que explica que da parte dos cerca de 350 atletas e 750 associados do clube «não havia muita abertura para mudar nem o nome, nem a sigla, nem o símbolo» porque «entendem que já temos um nome forte e a mudança seria prejudicial». Assim, adianta que «chegámos a acordo em tudo menos na questão do nome», exemplificando que o Guarda Unida «pretende ser eclético e acrescentar-lhe os termos “futebol” ou “desportiva” seria negativo». Questionado se admite reatar as negociações, responde que «ou se avança para a fusão este ano ou deixa de fazer sentido», reforçando que «tenho pena que não tenhamos chegado a acordo porque isto não está nada fácil», assegura. A fusão permitiria uma «melhor rentabilização dos recursos físicos que existem e uma união de esforços», sendo que «só tendo diversas secções e modalidades a funcionar é que se consegue ter mais sócios». Em relação ao futebol sénior, Pissarra considera que a fusão «facilitava a vida», embora garanta que a participação na IIª Divisão Distrital está certa, até porque o objetivo do clube é «chegar aos nacionais dentro de aproximadamente três anos». «Na última época fomos terceiros e temos a ambição de fazer melhor», assevera, sustentando que «com o clube na Iª Distrital será mais fácil chegar aos nacionais porque suscita maior interesse das pessoas e se juntássemos forças seria mais fácil para todos».

Por parte do Guarda Desportiva, o seu presidente esclarece que a «questão da fusão se integra num projeto mais amplo» em que se tentou a «complementaridade numa primeira fase», tendo havido «um conjunto de condições». Numa segunda fase, Carlos Chaves Monteiro frisa que a «condição mínima» que o clube a que preside impôs foi «a colocação do termo “desportiva” na designação do clube», salienta. «Entendemos que para haver fusão tem que haver cedências de parte a parte. Há muitas dificuldades que nos levaram a querer a fusão mas não é a todo o custo», esclarece. O dirigente reforça que «em termos de cargos na futura direção e quanto aos ativos e aos passivos houve acordo em tudo menos na questão do nome», porque «era o ideal do nosso clube que estava em causa». Uma vez que a pretensão de fusão não chegou a bom porto, o presidente do Guarda Desportiva admite que a direção do clube está a «repensar bem o que que irá fazer na próxima época», mas é certo que o clube irá optar por «compromissos menos ambiciosos». «Vamos trabalhar o máximo mas com menos custos», realça, havendo uma «forte possibilidade, quase certa, do clube ir competir na IIª Divisão Distrital, mas com uma equipa menos ambiciosa» do que a das últimas épocas que se assumiu como candidata à subida de divisão. Chaves Monteiro também tem «pena» que as negociações para a fusão tenham fracassado porque «estamos condenados a entendermo-nos» até porque «a Guarda só poderá evoluir se houver união das gentes da Guarda».

Ricardo Cordeiro As duas equipas devem continuar a defrontar-se na IIª Divisão Distrital

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