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Guarda’a Vida pelo “não”

Um grupo cívico, iniciado por cerca de meia centena de guardenses, já está na rua a fazer campanha contra a despenalização do aborto

O Guarda’a Vida pretende elucidar a população para que vote “Não” no referendo sobre o aborto e, simultaneamente, conseguir cinco mil assinaturas até 12 de Janeiro para se legalizar enquanto movimento eleitoral. A recolha está na rua desde a última quinta-feira e a sede também já está de portas abertas para esclarecer qualquer dúvida ou, simplesmente, apoiar a campanha.

«A filosofia de contenção do Governo funciona para justificar o fecho de maternidades, mas não se olha a custos para matar um ser que ainda não se pode defender», diz, indignado, Pedro Nobre, porta-voz do movimento. O grupo cívico, iniciado por cerca de meia centena de pessoas, denominado Guarda’a Vida, já está “no terreno” a fazer campanha pela vida. Segundo o seu porta-voz, o movimento surgiu para esclarecer a população sobre o assunto e para defender «os verdadeiros valores da Humanidade». Trata-se de um movimento «transversal, com pessoas de todas as classes sociais, de todas as religiões e profissões», adianta Pedro Nobre, que prefere para já não revelar mais nomes de apoiantes. No entanto, promete «algumas surpresas». O Guard’a Vida assume-se como um movimento apartidário e, por enquanto, também ainda não conta com apoios ou mecenas: «Tem sido à nossa custa, todos demos uma pequena contribuição», afirma o porta-voz. A sede foi inaugurada na passada quinta-feira, na Rua Infante D. Henrique, e pretende ser o local «onde as pessoas podem manifestar o seu desacordo com a banalização desta prática, dando a conhecer a sua opinião ou até a sua história», refere.

Entretanto, o movimento, que ambiciona extravasar as fronteiras do distrito, vai recolher assinaturas por várias localidades, estando igualmente previstas algumas sessões de esclarecimento. Pedro Nobre realçou ainda estar «cientificamente provado que o embrião tem identidade própria desde o seu início, pelo que, ao ser efectuado um aborto, um ser humano está a matar uma criança». Além de que o embrião é um ser vivo, «não uma coisa e é este facto que deve pesar na consciência da população», reforça. Por outro lado, «a nossa sociedade está a atravessar um dos maiores problemas de sempre: o envelhecimento da população», sendo o distrito da Guarda exemplo disso. «A desertificação está a aumentar de forma galopante e, em vez do Estado fomentar medidas para inverter esta situação, encontra soluções para agravar ainda mais o despovoamento do interior», acusa o porta-voz do Guard’a Vida. Ou seja, «em vez de fomentar o nascimento, como remédio para esta doença que a todos afecta, pretende liberalizar o aborto». Pedro Nobre denunciou ainda que o Estado não tem conseguido resolver o «drama das listas de espera» nos hospitais, no entanto, «garante agora que uma grávida que deseje abortar passará à frente de qualquer doente». Entretanto, o movimento criou também um blogue (www.guardavida.blogspot.com) aberto ao debate.

Patrícia Correia

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