Arquivo

Guarda pode ser a «grande ponte» de desenvolvimento do interior

Câmara, IPG, Nerga e Hospital apontam as vantagens da A23 para a cidade, agora a menos de três horas de Lisboa

A Guarda ficou indiscutivelmente mais perto de Lisboa com a conclusão de todos os lanços da A23 até ao nó de Torres Novas da A1, no final de Julho. Os responsáveis por entidades como a Câmara Municipal, Nerga – Associação Empresarial da Região da Guarda, Instituto Politécnico e Hospital são unânimes na hora de afirmar que a cidade só tem a ganhar com o facto estar agora a menos de três horas de caminho da capital. Estratégias concretas para tentar aproveitar este facto é que ainda parecem não existir.

Teixeira Dinis, presidente do Nerga, considera que as vantagens desta aproximação são «inúmeras» em termos empresariais e «pessoais», até para se começar a esbater o “slogan” de que «“Portugal é Lisboa e o resto paisagem”». Assim, «quanto mais perto a Guarda estiver de Lisboa, tanto melhor». A nível empresarial, a melhoria de acessos a esta região só poderá ser benéfica, apontando o exemplo da PLIE – Plataforma Logística de Iniciativa Empresarial como um dos pontos a «explorar», já que a proximidade em relação a Lisboa pode «aguçar» o apetite de um maior número de «potenciais interessados». Também Maria do Carmo Borges aponta a PLIE como a «grande estratégia» a seguir pela autarquia: «Por mais que nos acusem de só olharmos para a Plataforma Logística e que esquecemos outros projectos. Esta é a aposta a ganhar», garante, sublinhando que a auto-estrada oferece a possibilidade de «“vendermos” com muito mais facilidade a PLIE aos empresários de Lisboa e até de outras zonas», afirma, salientando a particularidade da Guarda estar situada «entre Madrid e Lisboa, Valladolid e Porto, e Salamanca e Coimbra». Os tempos em que chegar a Lisboa era uma «amargura» já lá vão, reforça a autarca, recordando que vários jornais de expansão nacional, como o “Diário Económico” ou o “Expresso”, têm «sempre dado a Guarda como uma referência nos últimos tempos» e como a «grande ponte de desenvolvimento do interior», garante.

Maria do Carmo vê agora recompensado o facto de sempre ter feito «muita força» para que as duplicações do IP2, agora A23, e IP5, cujos trabalhos já começaram, fossem uma realidade. De resto, a duplicação do IP2 e a chegada do gás natural à Guarda, foram «duas batalhas» que a edil se orgulha de ter vencido, por forma a que a região pudesse ter as «mesmas potencialidades» que outras zonas do país e dar «outras garantias aos empresários locais», indica. Já Jorge Mendes, presidente do Instituto Politécnico da Guarda, considera a abertura da A23 «importantíssima», visto ser uma «ligação fundamental» que serve uma grande parte da Beira Interior e oferece um «ganho de tempo enorme» a quem tenha que se deslocar à capital. No caso concreto do IPG, a instituição poderá também vir a ganhar, tornando-se mais apelativa para «um potencial aluno que seja do distrito de Santarém, Lisboa, Setúbal ou de outros ali próximos», contrastando com o cenário de «há uns anos a esta parte» em que era «difícil» captar gente para o interior. Desta forma, qualquer aluno daqueles distritos poderá pensar «duas vezes» antes de fazer a sua opção, já que a Guarda «já não está assim tão longe quanto isso», sublinha o responsável máximo pelo IPG. Quanto a Isabel Garção, directora do Hospital Sousa Martins, também vê «muitas vantagens» na “aproximação” da Guarda a Lisboa. Na sua opinião, a auto-estrada ajuda a que a região fique «menos interiorizada», mas considera que, do ponto de vista institucional, os benefícios acabam por ser «só indirectos», tendo em conta que só muito ocasionalmente poderá haver transferência de doentes para a capital. Ainda assim, quando se verificarem casos de pacientes transferidos de outros hospitais da Beira Interior, como Castelo Branco ou Covilhã, estes farão a viagem «com muito mais conforto e muito mais rapidamente», sublinha Garção. Institucionalmente, apenas a nível de contacto com os serviços centrais, com o próprio Ministério da Saúde e outros serviços afins, é que acaba por ser «directamente vantajoso».

Ricardo Cordeiro

Sobre o autor

Leave a Reply