Arquivo

Guarda é o segundo distrito com menos casas devolvidas à banca

Famílias e construtoras veem-se obrigadas a entregar imóveis quando não conseguem pagar os empréstimos ao banco

Entre janeiro e junho deste ano, já foram devolvidas 3.060 casas à banca em todo o país, entregues por famílias ou construtoras que se viram a braços com empréstimos que não conseguem pagar. A Guarda é o segundo distrito com menor número de imóveis devolvidos, enquanto o topo da lista é ocupado pelo Porto.

Os dados – a que O INTERIOR teve acesso – são da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP) e resultam de uma análise às dinâmicas imobiliárias nacionais no primeiro semestre deste ano. O estudo revela que, no que diz respeito à transação de imóveis, o mês de junho registou um dos piores resultados dos últimos 20 anos. Já no que toca às casas devolvidas aos bancos, em terras guardenses foram entregues cinco, ou seja, 0,16 por cento das 3.060 – menos uma do que em Bragança, a região do país onde se registaram menos casos. Mas no distrito de Castelo Branco, a realidade é mais preocupante, já que foram devolvidas 32 habitações, o que corresponde a uma fatia de 1,05 por cento do total nacional. Apesar deste fenómeno de dação em pagamento ser «transversal a todo o território nacional», segundo a APEMIP acaba por estar «naturalmente concentrado nas áreas metropolitanas e grandes centros urbanos», facto facilmente constatável com os dados entre litoral e interior.

Os investigadores chegam, aliás, à conclusão de que nem sequer são as famílias que mais contribuem para o engrossar da percentagem de imóveis devolvidos à banca, sobretudo quando falamos de regiões do litoral, onde se denota uma certa «incapacidade de escoar produto». Ou seja, as construtoras têm tido mais dificuldades na venda das casas. «O arrefecimento do mercado afetou de forma bastante significativa todos os que investiram na promoção imobiliária e no desenvolvimento de novos projetos e empreendimentos», referem. Foram, por isso, as construtoras e empresários do setor que mais entregaram imóveis à banca, uma realidade presente sobretudo em distritos do litoral onde há mais população e onde o negócio imobiliário é mais vasto. Este fator acabou por “poupar” regiões como a Guarda, Beja ou Bragança.

A devolução de habitações atingiu um “pico” mais elevado em maio, com 650 casas entregues no país, sendo os concelhos de Alcochete, Vila Nova de Gaia, Vila do Conde ou Portimão os mais afetados. Estes imóveis penhorados são depois vendidos pelas instituições financeiras ou entregues a empresas de leilões, com os preços a serem ajustados periodicamente.

Catarina Pinto

Guarda é o segundo distrito com menos casas
        devolvidas à banca

Sobre o autor

Leave a Reply