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Grupo MRG investe 7 milhões no novo Hotel Turismo da Guarda

Grupo empresarial tem quatro anos para transformar imóvel emblemático da cidade numa unidade de quatro estrelas com 50 quartos, SPA, restaurante e componente formativa. A concessão é por 50 anos mediante uma renda anual de 63 mil euros.

Já há solução e concessionário para o Hotel Turismo da Guarda. À terceira foi de vez e o imóvel vai ser recuperado pelo agrupamento de empresas MRG, no âmbito do Programa REVIVE, após o Secretário de Estado do Tesouro ter promulgado a adjudicação da concessão. O concessionário vai investir cerca de 7 milhões de euros no projeto, não tendo sido ainda divulgada a data de assinatura do contrato com o grupo empresarial fundado em Seia e atualmente sediado em Coimbra.

Segundo o gabinete da Secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho, o consórcio formado pela MRG Property e MRG Construction assegurou a concessão deste edifício icónico da cidade mais alta por 50 anos, «mediante o pagamento de uma contrapartida anual de 63 mil euros». Em comunicado divulgado na passada quinta-feira, a tutela lembrou que o vencedor – e único concorrente – do concurso limitado por prévia qualificação aberto em julho de 2017 compromete-se a construir uma unidade hoteleira que ocupe «no mínimo 55 por cento» da área bruta de construção – os restantes 45 por cento terão outras finalidades. O projeto apresentado consiste numa unidade “boutique hotel”, de quatro estrelas, ligada ao tema da neve, com 50 quartos e outras valências como SPA (que estará acessível igualmente aos residentes no município) e restaurante. A Secretaria de Estado revelou ainda que o futuro hotel terá uma vertente de formação, assegurada em articulação com o Instituto Politécnico da Guarda.

Álvaro Amaro foi o primeiro a dar a boa nova e fê-lo no decurso da Assembleia Municipal dessa quinta-feira. Mas no dia seguinte o autarca e restante maioria PSD no executivo surgiu na escadaria do hotel encerrado desde novembro de 2010 para se congratular com o final de «uma história triste» para a Guarda. Em conferência de imprensa, o edil considerou que a cidade «deve rejubilar» com a decisão, mas sublinhou que ficará mais satisfeito quando a obra arrancar. «O concessionário deve abrir o novo hotel no prazo máximo de quatro anos após a adjudicação. Esperamos, por isso, que o projeto possa ser executado em menos tempo para que o possamos inaugurar antes do final do mandato», afirmou. O presidente da Câmara garantiu ainda que o processo terá «via verde» nos serviços para que possa «ser acelerado» e lembrou que este desfecho demorou quatro anos.

«Acho que demos um contributo para se repor a verdade histórica desta pérola do património da Guarda que é o Hotel Turismo. Foram quatro anos de intenso trabalho com dois Governos, dois primeiros-ministros, vários ministros, diretores-gerais e subdiretores gerais», disse Álvaro Amaro, recordando que o município poderia ter comprado em 2016. Por sua vez, o PS local só comentou a decisão do Governo passados cinco dias. E para reclamar os louros deste desfecho. «“A César o que é de César”: a solução encontrada deve-se em exclusivo à atuação do PS, em termos nacionais e locais, contra as vontades e interesses de outros que defendiam soluções distintivas para a resolução do problema do Hotel Turismo. Nós nunca tivemos dúvidas que esta seria a melhor solução», refere Agostinho Gonçalves.

Em comunicado, o líder da concelhia não deixou de recordar o célebre pedido de Álvaro Amaro para o então candidato a primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, na campanha para as legislativas de 2011, para que não pagasse o Hotel Turismo à Câmara presidida por Joaquim Valente. E também não esqueceu que a reabertura do hotel tinha sido uma promessa de Álvaro Amaro no mandato anterior que não concretizou. «Este edifício que faz parte do imaginário dos guardenses deixará de ser uma mágoa paisagística e sentimental da nossa cidade», conclui o dirigente.

Edifício reavaliado em 1,5 milhões de euros

Situado no centro da Guarda, o Hotel Turismo é um dos 33 imóveis inscritos no REVIVE, uma iniciativa conjunta dos ministérios da Economia, Cultura e Finanças com a colaboração das autarquias, para promover a rentabilização e preservação de património público devoluto.

Este foi o terceiro concurso do programa a ser lançado depois do Convento de São Paulo em Elvas, cujas obras já se iniciaram, e dos Pavilhões do Parque D. Carlos I nas Caldas da Rainha. O edifício tinha sido reavaliado recentemente em 1,5 milhões de euros. Desenhado por Vasco Regaleira, o hotel foi vendido em maio de 2011 ao Turismo de Portugal por 3,5 milhões de euros para ser recuperado e transformado em hotel de charme com escola de hotelaria, mas o projeto não saiu do papel. Em 2015, a Direção-Geral do Tesouro e Finanças realizou uma hasta pública para venda do imóvel que ficou deserta. Posteriormente, o edifício foi novamente colocado à venda, pelo valor de 1,7 milhões de euros, através de um concurso público de arrendamento com opção de compra, mas a empresa interessada no negócio desistiu. A unidade fechou portas em novembro de 2010, pouco depois da Assembleia Municipal ter decidido a dissolução da Sociedade Hotel Turismo e a venda do imóvel ao Turismo de Portugal.

Luis Martins O Turismo do futuro vai ser uma unidade “boutique hotel” ligada ao tema da neve

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