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Grupo do Fundão vai dar apoio a pais em luto

Associação “A Nossa Âncora” já possui um grupo de entreajuda para os pais dos distritos da Guarda e de Castelo Branco que perderam filhos

Não é possível esquecer ou ultrapassar a dor de perder um filho. Mas é possível reaprender a viver com esse sofrimento. É esta a mensagem da associação “A Nossa Âncora”, um grupo de pessoas de entreajuda e de apoio aos pais e às famílias em luto que, agora, se encontra também sedeada no Fundão.

O grupo arrancou oficialmente há duas semanas, na Junta de Freguesia do Fundão, com a presença da presidente e fundadora de “A Nossa Âncora”, Maria Emília Pires. O objectivo é ajudar os pais em luto a entenderem a sua dor e a encontrarem novos estímulos, principalmente através de conversas com outros pais que passaram ou passam pelo mesmo drama. No fundo, trata-se de uma troca de experiências entre pessoas que enfrentam os mesmos problemas, as mesmas tristezas e sofrimentos. É um grupo de entreajuda onde «pomos o nosso coração a nu, em que as pessoas se juntam para dividir sofrimentos e multiplicar alegrias», destaca a presidente de “A Nossa Âncora”, realçando que os grupos de entreajuda são «a melhor forma de ajudar a ultrapassar todas as espécies de dor e não dor». O importante é que os pais sintam que «não sofrem sozinhos, que não foram esquecidos nem são diferentes dos outros».

Por isso, o grupo do Fundão tem uma «importância fundamental», pois vai dar apoio aos pais dos distritos da Guarda e de Castelo Branco», diz Maria Emília Correia, até porque vai ao encontro do objectivo principal «de que não haja, em qualquer ponto do país, um pai e uma mãe a sofrer na solidão». Além do Fundão, a Associação, que cumpre este ano uma década de existência, possui já grupos em Almada, Aveiro, Beja, Coimbra, Évora, Lisboa, Moreira de Cónegos, Parede, Setúbal, Sever do Vouga e Sintra. Este ano, conta abrir também grupos no Funchal, Leiria, Tomar e Viseu e, ainda, reabrir os de Freamunde, Paços de Ferreira e Porto. Um vasto leque de grupos que ainda não são suficientes para tornar a associação reconhecida. «Precisávamos de ser mais conhecidos», aponta, lamentando a falta de infraestruturas para terem capacidade de resposta para apoiar as famílias, visto que actualmente morrem cerca de cinco mil jovens por ano em todo o país. «Estamos a ajudar cerca de mil pessoas. E de cada vez que vamos à televisão, no dia seguinte temos cerca de 150 novas pessoas a telefonarem-nos», exemplifica Maria Emília Rodrigues. Até porque, esta é a única associação do país a tratar de um tema «que é o único tabu na sociedade ocidental e portuguesa: a morte», refere a responsável.

Além dos grupos de entreajuda, “A Nossa Âncora” presta ainda apoio aos pais através de uma escuta permanente de segunda a sábado das 10 às 22 horas, por cartas mensais enviadas a todas as pessoas que contactam a associação, reuniões, jornadas de amizade, seminários e pela página na Internet www.anossaancora.org. Maria Eugénia Rodrigues será a responsável pelo grupo do Fundão. Será uma tarefa «difícil», reconhece, mas que será fundamental para ajudar os pais em sofrimento. A próxima reunião deste grupo vai decorrer, provavelmente, no terceiro sábado do próximo mês na Junta de Freguesia do Fundão. Um espaço provisório, pelo que os interessados em pertencer a este grupo deverão contactar a Associação “A Nossa Âncora” através do número 2191057 55, que se encarregará de encaminhar depois a chamada a Maria Eugénia Rodrigues.

Liliana Correia

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