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Grupo de Missão visita locais para o novo hospital

Técnicos e responsáveis daquele organismo do Ministério da Saúde estão esta quinta-feira na Guarda e querem ver a Maúnça

O presidente do Grupo de Missão para as Parcerias na Saúde está esta tarde na Guarda para visitar alguns dos terrenos sugeridos pela autarquia para acolher o futuro hospital da cidade e vem, ao que tudo indica, com um interesse especial pela Quinta da Maúnça. Uma vinda que poderá baralhar o assunto, tanto mais que este responsável ainda não dá por concluídas as negociações para a localização deste equipamento na Guarda, contrariando inclusive Luís Filipe Pereira quando anunciou, em Março passado, o novo hospital para junto da rotunda do Torrão. A vinda de Jorge Abreu Simões foi confirmada a “O Interior” por Maria do Carmo Borges, que se escusou a prestar mais declarações.

Será a primeira vez que os responsáveis e técnicos do Grupo de Missão irão aos locais propostos pela Câmara da Guarda no final do ano passado, o que significa que a decisão continua surpreendentemente em aberto na “cidade mais alta” onde o tema tem suscitado muita polémica. Segundo “O Interior” pôde apurar, a localização não estará definida no seio deste organismo criado pelo Ministério da Saúde para coordenar o processo de construção de dez novos hospitais no país ao abrigo de um modelo de parcerias público-privadas. De resto, fonte ligada ao processo, sublinha que alguns terrenos estão a suscitar o particular interesse dos técnicos, caso da controversa Quinta da Maúnça, para onde a Câmara garante infraestruturas básicas como o saneamento e a rede eléctrica, ou da cerca do antigo sanatório, duas preferências da autarquia e da Assembleia Municipal. A vinda destes responsáveis vai servir para contactar com as características e potencialidades destes locais e dos restantes (elementos que só conhecem do dossier enviado pela autarquia), nomeadamente da rotunda do Torrão, um terreno privado divulgado pelo ministro como sendo o local escolhido e a localização defendida pelo PSD guardense. Todos eles deverão agora ser passados pelo crivo das condicionantes impostas pelo Grupo de Missão, que exigem terrenos devidamente infraestruturados e inseridos na malha urbana, mas também acessos rápidos e fáceis aos principais eixos rodoviários de ligação interna e externa à cidade.

Visita pode clarificar processo

Esta visita e os seus objectivos poderão reforçar a posição intransigente de Maria do Carmo Borges, que se tem recusado desde Março custear a aquisição do terreno junto à rotunda do Torrão por considerar que o processo foi mal conduzido pela tutela, acusando mesmo os serviços do Ministério e o próprio Luís Filipe Pereira de não conhecerem o local anunciado. O dia de hoje poderá ou não servir para confirmar estas acusações e ajudar a clarificar de uma vez por todas o caso, pelo menos assim espera Maria do Carmo, que deverá acompanhar a comitiva juntamente com alguns técnicos do município. No entanto, o PSD da Guarda e Ana Manso podem preparar-se para um cataclismo político se se vier a confirmar que a localização do novo hospital ainda não está tecnicamente decidida e sustentada. Isto acontece pouco tempo depois de Jorge Abreu Simões ter avisado que o Ministério da Saúde irá dar prioridade aos novos projectos hospitalares em que as autarquias disponibilizem «mais rapidamente» os terrenos. Para o responsável, esse é um dos aspectos que poderá «comprometer» o lançamento sucessivo dos vários projectos anunciados há mais de um ano por Luís Filipe Pereira. «Não é possível lançar concursos para parcerias com os terrenos totalmente em aberto», advertiu por ocasião do lançamento do concurso público para a construção do futuro hospital de Loures, realçando que «esta questão tem que ser resolvida com o envolvimento das autarquias», como aconteceu em Loures. Entretanto, Durão Barroso veio garantir em finais de Julho que o Governo vai arrancar com a construção do novo hospital da cidade até ao fim desta legislatura «sejam quais forem as resistências e dificuldades que forem colocadas».

Luís Filipe Pereira anunciou em Fevereiro último que o futuro hospital da Guarda irá ser construído junto à rotunda do Torrão, num terreno privado, e prometeu lançar em 2004 o concurso público. De fora ficaram cinco alternativas sugeridas pela autarquia, como a cerca do antigo sanatório, a Quinta do Pina, junto à Viceg, um espaço confinante com o bairro da Sra. dos Remédios, outro perto da Gata e, finalmente, na Quinta da Maúnça. Desde então que Maria do Carmo se tem recusado a participar na aquisição do terreno escolhido pelo Ministério da Saúde, alegando que a decisão foi tomada sem que a autarquia e outras entidades intervenientes tivessem sido ouvidas.

Luis Martins

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