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Grupo da Gonçalves & Gonçalves avança com “lay-off”

Medida abrange 230 trabalhadores das sete empresas do grupo Plataforma SGPS

É mais uma má notícia para a Guarda, cujas grandes empresas estão a desaparecer a conta-gotas. Na segunda-feira, o grupo empresarial liderado pela Gonçalves & Gonçalves anunciou ter colocado 230 trabalhadores em “lay-off” devido aos problemas financeiros que estão a afetar a atividade da Plataforma SGPS.

Esta suspensão temporária de trabalho abrange os funcionários das sete empresas do grupo, que opera nos distritos da Guarda e Castelo Branco, bem como no país vizinho, mas cerca de uma dezena de colaboradores acordaram entretanto com a administração a rescisão amigável dos respetivos contratos de trabalho. A O INTERIOR, o administrador Rui Gonçalves confirmou que a decisão resulta das «dificuldades financeiras» que o grupo está a viver, adiantando que para ultrapassar o problema estão em curso negociações com entidades bancárias e deverá ser vendido património não afeto à atividade. «A Plataforma SGPS não tem dívidas à administração fiscal, a funcionários ou à segurança social», referiu aquele responsável, que disse acreditar na viabilidade e recuperação do grupo. «Fechar qualquer empresa não faz parte dos nossos planos, estamos antes a fazer todas as diligências ao nosso alcance para ultrapassar o atual momento e repor todos os níveis da atividade», afirmou Rui Gonçalves.

O administrador justificou que o regime de “lay-off” proposto aos trabalhadores pode implicar a suspensão integral ou parcial do contrato de trabalho. «Alguns ficarão no regime de suspensão parcial para permitir que as empresas possam garantir os serviços mínimos aos clientes e preparar a informação necessária para concretizar as negociações encetadas pela administração com vista ao seu financiamento», explicou. Todos os pormenores e intenções do grupo foram transmitidos aos sindicatos e demais representantes dos trabalhadores na tarde da passada segunda-feira. «O processo da “lay-off” está iniciado e só ficará concluído depois de se pronunciarem todas as comissões de trabalhadores envolvidas», indicou. A Plataforma SGPS é um dos maiores grupos empresariais da Guarda e da Beira Interior, tendo registado em 2010 um volume de negócios da ordem dos 110 milhões de euros.

A sua atividade, centrada em Vale de Estrela, envolve o ramo automóvel (Garagem D. José, Toiguarda e CDV – Comércio e Distribuição de Veículos), a venda de equipamento hoteleiro e de escritório (Gonçalves & Gonçalves), a informática (SAS) e os combustíveis. Mas este não é caso único de “lay-off” na região, também a Termolan avançou com esta medida que abrange 60 trabalhadores até junho. A administração da fábrica de isolamentos termo-acústicos de Vilar Formoso, inaugurada há três anos, justifica a decisão com a falta de encomendas e problemas com a legalização da unidade.

O que é a “lay-off”

A “lay-off” é uma redução temporária do período normal de trabalho que abrange geralmente um grupo de trabalhadores, os quais podem optar por períodos de trabalho diferentes entre si, de acordo com o que ficar negociado entre cada um e a empresa. A sua adoção pressupõe igualmente uma redução do salário em dois terços, mas nunca pode descer abaixo do ordenado mínimo nacional. Ou seja, se o trabalhador já ganhar apenas o ordenado mínimo nacional, não terá redução de ordenado. Em qualquer caso, a empresa deixa de suportar o pagamento da totalidade do salário, passando a ser responsável apenas por 30 por cento desse valor. Os restantes são suportados pela Segurança Social. Este regime é usado quando uma empresa está numa situação de crise financeira, «por motivos de mercado, estruturais ou tecnológicos», desde que tal medida seja indispensável para assegurar a sua viabilidade e a manutenção dos postos de trabalho. Também está prevista a hipótese de «catástrofes ou outras ocorrências que tenham afetado gravemente a atividade normal da empresa». O processo tem de ser aprovado pelo Ministério da Solidariedade e Segurança Social, com base na declaração da «empresa em situação económica difícil» ou em «processo de recuperação».

* Fonte “Visão”

Luis Martins

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