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Greve ao primeiro dia de exames com adesão de 83 por cento na região

Os professores mostraram “cartão vermelho” ao Ministério da Educação na passada segunda-feira, com metade das 20 escolas contactadas por O INTERIOR a apresentarem valores acima dos 90 por cento de adesão à greve. Os alunos que não realizaram os exames vão prestar provas a 2 de julho.

Segunda-feira foi dia de exame nacional de Português e Latim, mas só para alguns. Os professores deram expressão ao seu descontentamento e foram muitos os alunos que não conseguiram realizar as provas. A região não fugiu à regra e, atendendo aos dados (provisórios) recolhidos por O INTERIOR, 1.823 dos 2.197 docentes convocados no distrito da Guarda e Cova da Beira fizeram greve.

No distrito da Guarda, a média de grevistas chega aos 82,6 por cento, o que corresponde a 1.399 professores, implicando a não realização de exames em 27 das 65 salas previstas. No topo está o Agrupamento de Seia, onde nenhum dos 121 docentes chamados marcou presença. Não havendo ninguém para vigiar as provas, as nove salas ficaram vazias e todos os alunos vão a exame só em julho. O mesmo aconteceu no Agrupamento de Almeida, que compreende a Escola Básica e Secundária de Vilar Formoso e a Dr. José Casimiro Matias (Almeida), com 79 dos 81 professores em greve (98 por cento).

A história repetiu-se no Agrupamento de Fornos de Algodres, com a mesma percentagem de grevistas, o que significa a ausência de 73 dos 75 professores chamados. Já na sede do distrito, o Agrupamento Afonso de Albuquerque e o da Sé tiveram “sortes” distintas. Enquanto o liceu só preencheu três das 12 salas preparadas – devido à greve de 257 dos 264 docentes convocados –, a Secundária da Sé atingiu os 94 por cento, mas os 18 docentes (de um total de 315) presentes foram suficientes para vigiar as nove salas preparadas. Contudo, os grevistas podem até ser menos: «Os dados são provisórios e podem ter variação, pois alguns podem ter-se apresentado em S. Miguel», disse a diretora Cristina Vicente a O INTERIOR.

Os professores do Agrupamento de Pinhel responderam em “peso” ao protesto, mas os 13 que estiveram presentes “sobraram” na hora de vigiar as três salas previstas, enquanto 86 não se apresentaram. As salas também foram todas asseguradas nos agrupamentos de Aguiar da Beira (Padre José Augusto da Fonseca), Mêda, Celorico da Beira, Figueira de Castelo Rodrigo, Gouveia, Trancoso e Vila Nova de Foz Côa (Tenente Coronel Adão Carrapatoso).

Por sua vez, o Agrupamento do Sabugal só teve exame numa das quatro salas destinadas para o efeito, com o dia a ser marcado pela greve de 90 dos 94 docentes convocados (96 por cento). Já no que diz respeito à Cova da Beira, o Agrupamento Pedro Álvares Cabral ficou-se pelos 95 por cento, com 71 dos 75 professores convocados a fazerem greve. Todavia, as provas tiveram lugar nas duas salas previstas. O mesmo aconteceu no Agrupamento do Fundão, onde os exames se cumpriram nas sete salas esperadas, com a ausência de 66 por cento (115 de um total de 174 docentes). Na Covilhã, as três secundárias ficaram aquém das salas previstas, com a Quinta das Palmeiras a não ter exame em nenhuma das 10 salas esperadas. Aqui, apenas um dos 77 docentes se apresentou. Quanto à Frei Heitor Pinto, a adesão à greve atingiu os 86 por cento, garantindo a realização de exames em três das cinco salas. A Secundária Campos Melo não avançou resultados concretos mas, segundo dados disponibilizados pelo Sindicato de Professores da Região Centro (SPRC), os cinco docentes presentes asseguraram a prova em duas salas, sendo que 98 fizeram greve.

Sindicatos agradados com adesão no distrito da Guarda

«O Ministério da Educação, ao não mudar a data, tentou desvalorizar a forte adesão à greve, mas o empenho dos professores voltou a mostrar que estamos descontentes», disse Sofia Monteiro a O INTERIOR. A coordenadora da direção distrital do Sindicato de Professores da Região Centro (SPRC) diz que os valores registados no distrito «ficaram dentro do esperado». Na sua opinião, a solução apresentada por Nuno Crato foi «a pior possível, pois perdeu a oportunidade de marcar um dia igual para todos», lamenta. Sofia Monteiro avisa que a equidade está em causa, acrescentando que «os exames de ontem [segunda-feira] não se fizeram todos nas mesmas condições. Deram-nos nota de algumas irregularidades e estamos a averiguar», garante.

Todavia, a sindicalista reafirma a responsabilidade evidenciada pelos docentes, dando como exemplo a situação de Almeida: «Dia 2 de julho é feriado municipal mas os professores estão dispostos a assegurarem a realização dos exames», refere.

Também Asdrúbal Lero, coordenador da delegação do Sindicato dos Professores da Zona Centro (SPZC), considera que «os professores souberam responder ao momento que enfrentam. Não devemos olhar para o nosso umbigo mas para a escola, pois existimos pela defesa dos alunos». O responsável acredita que «não havia outra alternativa se não a greve, porque tivemos de ir à luta na antecâmara do despedimento coletivo», adianta, criticando o facto de o Ministério da Educação «não ter ouvido o Colégio Arbitral, que defendeu não estarem reunidas condições para realizar os exames». Asdrúbal Lero reitera que «temos de pensar no futuro porque há um grande impasse e os docentes são uma ferramenta para o desenvolvimento de qualquer sociedade». Depois da greve aos exames, esta mantém-se às reuniões de avaliação até amanhã.

Sara Quelhas Adesão chegou aos 97 por cento no liceu da Guarda

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