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Governo retoma Regadio da Cova da Beira até Julho

Ministro da Agricultura anunciou a adjudicação de três troços do sistema secundário de rega entre Caria e Belmonte

Até ao final de Julho, o Governo vai adjudicar a conclusão de três troços do sistema secundário de rega do Regadio da Cova da Beira, entre Caria e Belmonte. A garantia foi dada pelo ministro da Agricultura, Jaime Silva, durante a visita às instalações da Cooperativa de Fruticultores da Cova da Beira, na semana passada, adiantando uma disponibilidade financeira de 50 milhões de euros para a construção da obra, cujos trabalhos serão especificados «brevemente, talvez com a presença do primeiro-ministro», adiantou.

Apesar do atraso da obra, Jaime Silva assegurou que o investimento é uma «prioridade» do actual Governo. «Começámos pelo Alqueva e aí dissemos que o Plano Nacional de Regadio é para todo o país. Daí que tenhamos anunciado o reforço de verbas para podermos acelerar o regadio, precisamente numa época de seca», sublinhou. O anúncio do governante é mais um passo importante para a conclusão de uma obra iniciada há mais de 50 anos e que entretanto se encontra parada por faltar uma assinatura de Jaime Silva para permitir a continuação dos trabalhos. «Antes de colocar as assinaturas, costumo verificar as disponibilidades financeiras», justificou-se, salientando a importância do investimento para a agricultura da região. Quando estiver concluído, o regadio, também denominado como Aproveitamento Hidroagrícola da Cova da Beira, irá beneficiar 14.500 hectares de seis mil explorações agrícolas da zona do Sabugal, Covilhã, Fundão e Penamacor. Permitirá igualmente a produção de energia eléctrica através de uma mini-hídrica e o abastecimento de água aos concelhos de Pinhel, Almeida, Sabugal, Penamacor e Fundão.

Apesar de ter dado os primeiros passos no final dos anos 50, o regadio da Cova da Beira apenas teve o verdadeiro arranque em finais de 1998 pelo que até ao momento conta apenas com o bloco da Meimoa, numa área de 3.400 hectares, construído. Em fase de construção estão o segundo troço do canal condutor geral, com uma extensão de 15,6 quilómetros, e o túnel para a transferência de águas entre as albufeiras das barragens do Sabugal e da Meimoa, com uma extensão de 4,2 quilómetros e um diâmetro de três metros. O regadio contou com muitos avanços e recuos nas últimas cinco décadas e ainda hoje continua a ser uma aspiração. Os primeiros estudos foram efectuados entre 1959 e 1960, mas só na década de 70 é que o processo voltou a ser retomado com a realização de estudos de enquadramento e desenvolvimento geral do aproveitamento. Em 1984 foi concluída a construção da barragem da Meimoa e a partir de 1990 começaram a entrar em funcionamento os canais de irrigação para o bloco da Meimoa. Em 1993, os estudos para o aproveitamento do regadio foram retomados, tendo-se procedido à revisão do projecto da Barragem do Sabugal e do circuito hidráulico Sabugal-Meimoa, feito em 1978, cuja construção apenas foi iniciada em finais de 1998. Dois anos depois, foi encomendado o projecto das redes secundárias de rega, caminhos e enxugo do bloco de Belmonte e Caria, que se encontram ainda por concluir.

Liliana Correia

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