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Governo pouco preocupado, Durão disponibiliza ajuda

Ministro da Economia considera positivo que Delphi continue na Guarda e crie mais postos de trabalho em Castelo Branco

A fazer fé nas declarações vindas do Ministério da Economia, o Governo não está muito preocupado com a situação na Delphi da Guarda. Na segunda-feira, o ministro Manuel Pinho contrapôs que a multinacional norte-americana vai criar novos postos de trabalho na unidade de Castelo Branco. Sem adiantar qualquer número, o governante considerou mesmo que esta decisão vai minimizar o impacto do despedimento de 500 trabalhadores efectivos da fábrica da Estação.

«O que é positivo é que se manteve uma parte dos postos de trabalho na região e garantiu-se a abertura de outros noutra região do país», disse Manuel Pinho, à margem de uma reunião dos ministros da Competitividade da União Europeia. Ao final da tarde foi a vez do secretário de Estado Adjunto da Indústria e Inovação concretizar melhor, revelando que a Delphi já criou 250 novos postos de trabalho em Castelo Branco «nos últimos três ou quatro meses, aumentando o número de trabalhadores para cerca de mil». António Castro Guerra – natural do concelho da Guarda, por sinal – adiantou que tem havido «a possibilidade de reforçar a produção nessa fábrica, no quadro do ajustamento estrutural que a empresa está a fazer, e que isso tem sido feito desde o início do ano». De resto, considerou positivo que a Delphi tenha mantido a unidade da Guarda, apesar da redução de pessoal, e que tenha reforçado a capacidade em Castelo Branco. Por outro lado, acrescentou que a empresa já tinha contactado o ministério, em Fevereiro de 2006, informando-o da necessidade de reduzir a produção de cablagens e que o Governo procurou sensibilizar a multinacional para a situação.

Mais solidário, o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, disponibilizou o apoio do executivo comunitário para ajudar, através do Fundo Social Europeu (FSE), os trabalhadores despedidos na Guarda. «A Comissão Europeia está à disposição das autoridades espanholas e portuguesas para que aproveitem ao máximo os instrumentos e ajudas comunitárias disponíveis, nomeadamente do Fundo Social Europeu», disse segunda-feira, no início do congresso da Confederação Europeia de Sindicatos (CES), em Sevilha. Referindo-se aos problemas sociais criados nos dois países pela decisão da Delphi, Durão Barroso citou como casos de deslocalização a crise na fábrica da Delphi em Puerto Real (Cádiz), que afectou 1.600 trabalhadores, assim como a redução de 500 efectivos na Guarda. Manifestando «compreensão e solidariedade» com os trabalhadores, o presidente da Comissão Europeia afirmou que «o melhor» instrumento para lutar contra a deslocalização é «juntar esforços, para que não se actue solitariamente, país a país». Por isso insistiu na necessidade dos países-membros da União Europeia tomarem medidas conjuntas contra estas decisões empresariais, declarando a disponibilidade para canalizar para as zonas afectadas os apoios comunitários incluídos no FSE. Estas verbas podem ser aplicadas na requalificação e formação de trabalhadores afectados nos casos de perda de emprego.

Luis Martins

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