Recebido na tarde de sábado por cerca de 250 pessoas que protestaram contra a introdução de portagens nas SCUT, o primeiro-ministro reafirmou na Guarda que o Governo foi «obrigado» a negociar a medida com o PSD. Dezenas de manifestantes fizeram o percurso entre o Parque Urbano do Rio Diz e o Hospital com um ruidoso buzinão, juntando-se a outro grupo de protesto na rotunda do estabelecimento prisional.
Confrontado com o descontentamento dos populares, após a visita às obras do Hospital, José Sócrates defendeu que «toda a gente sabe qual é a posição do Governo, a de que as autoestradas no interior não pagassem portagem». O governante reforçou que «todas as pessoas de boa fé sabem que o Governo foi obrigado a negociar e a obter um compromisso. Dessa negociação resultou que nós vamos colocar portagens em todas as SCUT, mas nas zonas do interior, como é este caso, vamos ter isenções e descontos. Foi o que conseguimos», declarou. O primeiro-ministro sublinhou que a posição do Governo «sempre foi clara»: «Durante anos não se pagou portagens nas autoestradas do interior, como forma de estimular estas regiões a um progresso e a um desenvolvimento mais rápido», disse. E sustentou depois que «todos aqueles que fazem desta questão politiquice com o objetivo apenas de atacar o Governo encontram um desafio à inteligência dos portugueses».
Nesse sentido, reiterou que «os portugueses sabem bem que o Governo se esforçou para não ter portagens no interior do país e que resultou de um diálogo e de um compromisso com o PSD o facto de termos portagens» nas SCUT como a A23 e a A25. No mesmo dia, o vice-presidente do PSD, Marco António Costa, reagiu , em nome do maior partido da oposição, às afirmações de José Sócrates. O dirigente social-democrata acusou o primeiro-ministro de «sacudir a “água do capote”» ao imputar ao PSD a cobrança de portagens nas SCUT, afirmando que a culpa é do «desvario» do Governo. A manifestação espontânea que recebeu José Sócrates foi convocada pelas redes sociais e a ela juntaram-se também as pessoas que participaram num buzinão promovido pela comissão de utentes contra as portagens na A23, A24 e A25. No momento da chegada da comitiva de José Sócrates ouviram-se muitos assobios e palavras de desagrado contra o primeiro-ministro. Os manifestantes ainda tentaram furar o cordão policial e aproximar-se do local onde a comitiva parou para visitar as obras do hospital, mas foram impedidos pelos agentes da PSP que estavam no local. No final da visita ao Hospital, o primeiro-ministro abandonou o Parque da Saúde por uma saída contrária aquela em que tinha entrado, evitando assim novos protestos.
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Ricardo Cordeiro
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