Sem respostas, mas aberto a propostas foi assim que o ministro-Adjunto, Pedro Siza Vieira, recebeu os elementos da Plataforma de Entendimento para a Reposição das SCUT na A23 e A25, na reunião realizada em Lisboa na segunda-feira.
Desde 2011 que a região enfrenta o duro peso das portagens nas autoestradas, inicialmente sem custos para o utilizador (SCUT). Os anos vão passando, a contestação à cobrança tem sido mais que muita, mas nada mudou, apenas a região ficou mais pobre, com menos empresas e população. «Fomos para uma reunião que nos permitisse relembrar ao Governo os alicerces das SCUT – redução de assimetrias, de custos de mobilidade e da sinistralidade», lembrou Luís Veiga, do Movimento de Empresários pela Subsistência do Interior, uma das sete entidades dos distritos de Castelo Branco e da Guarda que integram a Plataforma. Segundo o empresário, o governante mostrou-se «sensível» à questão e reconheceu que as portagens são «um problema para o interior, para a atividade económica, para os utentes e para as pessoas que vivem nesta região».
Contudo, o responsável lamentou que não tenha sido apresentada uma «resposta cabal» para o problema. Do adjunto do primeiro-ministro tiveram apenas a abertura para ouvir as suas propostas. Para Luís Garra, da União de Sindicatos de Castelo Branco, «é positivo que o Governo tivesse «corroborado a ideia de que as portagens são penalizadoras» para a região, mas acrescentou que, «após tantas declarações repetidas, é lamentável ouvir dizer que o Governo está a estudar o problema». Este é «o tempo de tomar decisões e implementá-las», afirmou o sindicalista, acrescentando que «o Governo não pode passar o tempo a estudar para não chumbar por tanto estudo». Em conferência de imprensa realizada na terça-feira, na Covilhã, a plataforma admite que o fim das portagens possa acontecer de «forma faseada, calendarizada», até à reposição da sua versão original.
O que o movimento não aceita é a «falta de medidas no terreno», o que contraria e torna «incoerentes» os discursos sobre a valorização do interior, asseverou Marco Gabriel. O porta-voz da comissão de utentes da A23 considerou que haverá outras medidas que seriam importantes para a região, mas não abdica do fim das portagens, classificando-a de «medida chave». A promessa de «endurecer a luta» continua em cima da mesa, embora ainda não haja ações concretas programadas. Para já a contestação às portagens vai passar pela organização de um fórum regional, a 6 de março, na Faculdade de Ciências da Saúde da UBI, que contará com entidades, autarcas, empresários e forças vivas da região. O objetivo é «conseguir mobilizar o maior número de pessoas» para mostrar ao Governo a unanimidade da Beira Interior neste assunto, adiantou Luís Veiga.
A ideia é passar a mensagem de que o «descontentamento é geral e viral» na região. Até lá, os responsáveis do Movimento esperam por respostas concretas do Governo e também por uma tomada de posição do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Ana Eugénia Inácio
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