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«Governo discrimina o Interior Centro»

Empresários da Beira Interior pedem fim das portagens após adiamento da instalação de mais pórticos em auto-estradas do Norte

O movimento Empresários p’la Subsistência do Interior volta a pedir o fim das portagens na A23 e A25 considerando que o Governo «discrimina negativamente o Interior Centro» ao recuar na instalação de pórticos em 16 troços de ex-SCUT e autoestradas, sobretudo na zona Norte, enquanto não for definido um novo modelo de cobrança para essas vias.

A garantia de que não serão implementados 14 novos pórticos foi dada na sexta-feira pelo secretário de Estado das Obras Públicas, Sérgio Monteiro, numa reunião solicitada pelos deputados do PSD eleitos pelo círculo de Viana do Castelo após a divulgação de um documento que prevê mais portagens no Norte do país. «O bom senso associado a essa decisão de que se congratulam os empresários signatários do movimento não pode deixar de preocupar todos quantos circulam na A23/A24 e A25, sobretudo porque pagam o quilómetro mais caro do país e são obrigados a pagar por falta de alternativas», adianta o movimento em comunicado. Para os empresários da Beira Interior, as portagens estão «a arrastar o interior para o abismo, sobretudo pelos efeitos nefastos diretos na economia local, agravados pela crescente desertificação humana e deslocalização de empresas».

Para o porta-voz do movimento, «a falta de estratégia de crescimento sustentável de todas as regiões, nomeadamente das mais desfavorecidas, por parte deste governo, vai levar inexoravelmente à destruição económica do interior do país». Luís Veiga considera que o governo «não pode fechar os olhos ao decréscimo brutal de utilizadores nas ex-SCUT, ao acréscimo de custos em manutenção e vidas humanas associados à utilização de estradas nacionais e municipais».

Nova forma de cobrança em estudo

O Executivo está a estudar a possibilidade de tornar obrigatório o uso de um identificador eletrónico de cobrança nas ex-SCUT equivalente à Via Verde, noticiou anteontem o “Diário Económico”.

Segundo o jornal, o Governo quer implementar uma nova forma de cobrança, assentando todo o serviço num simples “backoffice” a nível nacional, para reduzir as taxas cobradas pelos bancos e pela rede de CTT, onde agora se podem pagar as portagens. Nesse sentido, fonte oficial do Ministério da Economia adiantou que «foram dadas em tempos orientações à Estradas de Portugal para que procedesse a uma análise técnica de revisão do sistema de cobrança MLFF [“multi lane free flow”, mais conhecido por sistema de pórticos], face aos desequilíbrios que o mesmo produz». Nessas orientações, o Ministério da Economia sublinhava a necessidade de «equidade no valor cobrado por veículo-quilómetro, de igualdade de tratamento entre os utilizadores, que os princípios de utilizador-pagador e de coesão territorial sejam aprofundados» e ainda que a solução a apresentar pela EP «deve levar em conta o nível de vida das várias regiões».

Citada pelo diário, a mesma fonte acrescentou que, «até ao momento, não foi recebido qualquer documento ou proposta da Estradas de Portugal, pelo que não há, por isso mesmo, nenhuma decisão tomada quanto ao novo modelo de cobrança». O “Diário Económico” revelava também que o Governo comprometeu-se com a “troika” a introduzir em março novas portagens nas antigas SCUT e noutras duas concessionárias de auto-estradas, localizadas sobretudo no norte.

Luis Martins Sistema de cobrança nas ex-SCUT está a ser revisto e deverá ser substituído por identificador tipo Via Verde

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