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Governo Civil recorda «autarcas que transformaram o distrito»

Primeiros presidentes eleitos depois do 25 de abril foram homenageados pelo Governo Civil

«Recordamos aqui os homens que transformaram cada recanto do distrito num lugar onde hoje se vive com qualidade», afirmou o Governador Civil da Guarda na homenagem aos primeiros autarcas eleitos após o 25 de abril de 1974. Na cerimónia da passada quinta-feira, Santinho Pacheco quis demonstrar «a gratidão eterna» aos pioneiros do poder local por terem conseguido construir «um distrito melhor».

Para o representante do governo na Guarda, também ele um antigo autarca em Gouveia, a importância do 25 de abril confunde-se com o significado do poder local democrático. Foi essa a data que permitiu transformações «radicais» na região, nomeadamente na resolução de problemas de saneamento básico e de comunicação, sobretudo numa época em que ainda «não havia Lei das Finanças Autárquicas» e os recursos eram escassos. Para muitos, ser presidente de Câmara significou começar do zero. Foi assim para o primeiro autarca de Gouveia no pós-Revolução dos Cravos. Para Alípio de Melo, o mandato iniciado em 1976 tem sabor a «tempos difíceis e a indefinição», tempos onde várias localidades não tinham água canalizada, esgotos e havia estradas por pavimentar. «Apesar das dificuldades, este período acabou por ser gratificante pelas obras que cada um de nós conseguiu fazer», reconheceu.

O ex-presidente da Câmara da Guarda, Abílio Curto, também se revê neste sentimento. «Na altura havia grandes problemas, estava tudo por fazer e não havia verbas», recorda. Da sua memória não consegue apagar as discussões acesas, as dificuldades, mas também os momentos de amizade e de companheirismo: «Fosse qual fosse a cor política, numa esquecemos a cor do distrito», garante. Já o atual presidente da autarquia guardense Joaquim Valente destacou «a ousadia» dos homens que «nada deixaram por fazer» na região, enquanto o secretário de Estado da Administração Local decidiu sublinhar precisamente as conquistas de certos equipamentos sociais, como centros de saúde, unidades de cuidados continuados e escolas. «Estas últimas décadas foram tempos de esperança que valeram a pena», considerou José Junqueiro. Foi também este apego à terra e às suas gentes que o autarca de Trancoso decidiu realçar no seu discurso.

Júlio Sarmento, que também preside à Assembleia Distrital, não teve receios de eleger o poder local democrático como «uma das mais felizes realidades» do 25 de abril. «Estes homens souberam falar alto sempre que o distrito assim o exigia», considerou. Apesar da maioria das vozes ter preferido destacar tudo aquilo que o poder local conseguiu conquistar ao longo destes anos, Santinho Pacheco não deixou de admitir que ainda há uma luta por travar. Os presidentes «lutaram na altura por aquilo que ainda hoje não conseguimos inverter: a desertificação humana», lamentou o Governador Civil. Nesta cerimónia foram homenageados António Raimundo (Aguiar da Beira), António Sousa Júnior (Almeida), Carlos Faria de Almeida (Celorico da Beira), José Pinto Lopes (Figueira de Castelo Rodrigo), Francisco Paulo Menano (Fornos de Algodres), Victor Cabeço (o primeiro autarca eleito na Guarda) e Abílio Curto (Guarda), Homero Ambrósio (Manteigas) António Fonseca (Pinhel), João Lopes (Sabugal), Jorge Correia (Seia), António Almeida (Trancoso) e José Costa Ferreira (Vila Nova de Foz Côa).

Catarina Pinto Autarcas ou familiares receberam a homenagem do Governo Civil

Governo Civil recorda «autarcas que
        transformaram o distrito»

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