Arquivo

Governo aprova saída da Covilhã da Águas do Zêzere e Côa

Autarquia já pode assinar contrato com a empresa AGS Somague

O Governo aprovou a saída do município covilhanense do sistema multimunicipal da Águas do Zêzere e Côa (AZC), podendo assim a Câmara entregar o tratamento do saneamento em alta por 30 anos à empresa AGS – Administração e Gestão de Sistemas de Salubridade do grupo Somague, que aguarda desde Abril pela assinatura do respectivo contrato.

A informação foi anunciada por Carlos Pinto na última reunião do executivo camarário, garantindo ter a confirmação que o Instituto Regulador de Águas e Resíduos (IRAR) aprovou a desanexação da Covilhã da AZC. «Esta é das melhores notícias que poderia anunciar no mandato em que nos propusemos resolver a questão ambiental», salientou o autarca, que considera a concessão do saneamento àquela empresa privada como a única alternativa no tratamento «rápido» dos esgotos para que o município deixe de poluir o Zêzere dentro de dois anos. «A partir de agora, a Câmara tem todos os obstáculos eliminados para que a Covilhã se possa afirmar como o primeiro concelho a ter toda a questão ambiental resolvida», afirmou o edil. Para além disso, a maioria social-democrata na Câmara da Covilhã considera esta solução a «mais económica» para o município, uma vez que a autarquia irá pagar quase metade dos custos que teria que suportar ao longo dos 30 anos se tivesse aderido à AZC. É que enquanto no sistema multimunicipal pagaria 189 milhões de euros, com a AGS a Câmara só pagará 95 milhões de euros, com a garantia de que todas as infraestruturas reverterão a favor do município no final da concessão. Ao todo, a AGS Somague – única empresa a concorrer ao concurso público internacional apesar de cinco terem levantado o caderno de encargos – terá que construir três ETAR’s, nomeadamente na zona Norte da cidade, no Parque Industrial do Tortosendo e em Unhais da Serra. A concessionária ficará ainda obrigada a remodelar todas as infraestruturas existentes nas freguesias do concelho num investimento que ascende a 20 milhões de euros.

AZC diz que a Covilhã aderiu ao sistema de «forma consciente»

O concelho da Covilhã foi o único município atravessado pelo Zêzere que nunca chegou a integrar formalmente a AZC, criada durante o Governo de António Guterres. O executivo sempre disse que essa integração tinha acontecido «à margem da vontade da Câmara e da Assembleia», pelo que esta é uma notícia «justa e a correcção de um erro porque, de facto, a Covilhã nunca pertenceu à AZC», acrescenta o administrador-delegado dos SMAS, Alçada Rosa. «Nenhum município foi obrigado a aderir ao sistema multimunicipal. Todos o fizeram por opção própria e a Covilhã optou por ser cliente de forma consciente, ponderada e debatida», respondeu a “O Interior” Gravata Filipe, administrador executivo da AZC, refutando as declarações da autarquia e dos SMAS. «Isso não é verdade e não faz sentido nenhum. Como se pode obrigar um município a aderir ao sistema?», questiona aquele responsável, considerando estas declarações dos responsáveis autárquicos da Covilhã como «uma estratégia política» para concessionarem o saneamento a uma empresa privada. Entretanto, a Câmara da Covilhã deverá continuar a ser cliente da AZC no serviço de recolha e tratamento dos resíduos sólidos. Um serviço que passou para a competência da empresa após o fim da Associação Municípios da Cova da Beira, mantendo ainda uma dívida considerável por este serviço, à semelhança do que acontece com outros municípios. «Não temos qualquer informação de que o município queira sair, pelo que continuamos a prestar esse serviço», salienta.

Liliana Correia

Sobre o autor

Leave a Reply