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Gouveia volta a reclamar Serviços de Urgência Básica

Álvaro Amaro admite deixar a autarquia caso o encerramento do SAP vá para frente por questões partidárias

O presidente da Câmara de Gouveia está expectante em relação ao desfecho do Serviço de Atendimento Permanente (SAP), previsto pelo Governo no âmbito da reorganização da rede pública de Cuidados de Saúde. Para Álvaro Amaro, o novo Centro de Saúde da cidade reúne todos os requisitos exigidos pela tutela para ser um Serviço de Urgência Básica (SUB). Mas se o encerramento for para frente por questões partidárias, Álvaro Amaro é peremptório: «Nesse caso poderei demitir-me, porque não estou agarrado ao poder», avisa.

Estas e outras questões foram debatidas na sessão de esclarecimento sobre a reorganização dos serviços de saúde, promovida pela autarquia na passada segunda-feira no Teatro-Cine. «A iniciativa serviu para esclarecer a população e foi um sucesso», garante o edil, acrescentando ainda que «não se tratou de uma sessão de protesto». Apesar de respeitar todas as acções de protesto, Álvaro Amaro prefere «dar tempo ao tempo e aguardar pela decisão da tutela». Em declarações ao “O Interior”, o autarca adiantou «não ser homem» para se demitir, mas sim «para lutar. Mas se houver outra razão que a razão desconhece, admito deixar de ser o presidente da Câmara em nome dos interesses do município» sublinha. Isto, aludindo ao facto de pertencer ao PSD e de isso poder motivar o encerramento do SAP. «Se tiverem a coragem de me vir dizer que uma das razões é ser eu o presidente da Câmara deixarei o cargo», promete Álvaro Amaro, que diz não compreender que o centro de saúde local esteja na “lista negra”, pois «está enquadrado na maioria dos critérios estabelecidos» pela tutela para a manutenção destes serviços.

A começar pela «racionalidade e centralidade geográfica» no contexto da NUT III Serra da Estrela: «Analisem-se as distâncias em relação a Viseu e o Serviço de Urgência Básica (SUB) escolhido e verificarão que é mais rápido sair de Gouveia do que do local proposto», aponta. Recorde-se que a reorganização proposta sedia na Guarda um Serviço de Urgência Médico-Cirúrgica, enquanto Vila Nova de Foz Côa e Seia acolherão os únicos SUB previstos. Outro dos argumentos para o SAP continuar aberto na “cidade-jardim” é o novo Centro de Saúde. A obra custou «aos contribuintes» mais de três milhões de euros «para agora fechar», interroga-se, indignado. Trata-se de um equipamento moderno, com capacidade para 10 camas e diversas especialidades. Ou seja, com «tudo o que se poderá enquadrar nas disposições legais (Despacho n.º 18459/2006) e necessárias para a existência de um SUB», conclui o autarca. A nova infraestrutura possui ainda um equipamento de radiologia e de patologia clínica/química seca, bem como todo o material necessário para um suporte avançado de vida. Por outro lado, o SAP apresenta, segundo o edil, «uma das taxas mais elevadas» de frequência do distrito. «Mas vamos continuar na expectativa», garante Álvaro Amaro, até porque «ninguém nos informou que o SAP ia fechar».

Mais optimista estava a coordenadora da Sub-Região de Saúde da Guarda, única representante da tutela, dada a ausência do director regional, Fernando Regateiro, também convidado. Apesar de não referir o encerramento do serviço, Isabel Coelho, destacou as potencialidades do novo edifício, como a possibilidade de utilizar as 10 camas para efectuar pequenas cirurgias com internamento, ou a criação de consultas de especialidade. «No distrito, o concelho de Gouveia é o que tem um maior número de dependentes», disse à Lusa a responsável, defendendo que o equipamento pode ser utilizado na área dos cuidados continuados.

Gouveia reclama Unidade Básica de Urgência

Recorde-se que já em Outubro, Álvaro Amaro exigiu ao Ministério da Saúde a criação de uma Unidade Básica de Urgência no Centro de Saúde local. Na altura, o executivo aprovou por unanimidade uma carta aberta a Correia de Campos, onde apresentava vários argumentos. «Em nome da justiça, da racionalidade e da operacionalidade, solicitamos a reformulação da carta da rede de serviços de Urgência no distrito da Guarda», exigiram.

Patrícia Correia

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