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Gonçalves & Gonçalves mantém “lay-off”

Grupo empresarial explica que está a «negociar» a transferência de alguns funcionários para várias das empresas compradoras

Alguns dos cerca de 240 trabalhadores da Gonçalves & Gonçalves não entendem os motivos que levam o grupo empresarial, sedeado em Vale de Estrela, a continuar com a “lay-off” quando já vendeu parte das instalações e transacionou as concessões automóveis que detinha na Guarda. A administração explica que a redução temporária do período normal de trabalho e do salário se mantém porque está em negociações com vista à transferência de parte dos funcionários, nomeadamente, para os novos concessionários.

Um dos trabalhadores do grupo, que não quis ser identificado, questiona «como se mantém uma “lay-off” de uma empresa que já não tem fornecedores, as marcas automóveis já passaram para outros concessionários e o edifício-sede e armazéns já foram vendidos à Coficab?». O mesmo funcionário considera que a empresa «já devia ter sido declarada insolvente» e também não compreende por que motivo o Centro Distrital de Segurança Social da Guarda ainda não interrompeu a “lay-off”, uma vez que é aquela entidade que está a suportar 70 por cento dos vencimentos dos trabalhadores que, desde 19 de março, foram afetados por uma redução do período normal de trabalho e do respetivo salário. A mesma fonte garante que «não há salários em atraso», mas ironiza que «como não devem nada à Segurança Social, nem às Finanças, dá para brincar», vaticinando que «se a firma for à falência, não tem um tostão para pagar a fornecedores».

Denuncia também que tem colegas «em desespero» por causa da redução de salário e da situação de impasse que estão a viver: «Há trabalhadores que ganhavam na ordem dos 620 euros e neste momento estão a receber perto de 430. Como é que se consegue viver com esse dinheiro?», questiona. O trabalhador indica que há pessoas que estão «oito horas por dia a olhar para o ar» e revela que dos cerca de 240 funcionários da Gonçalves & Gonçalves há aproximadamente cem que estão em casa e os restantes 140 a «trabalhar, mas a maior parte não tem nada para fazer, a não ser o pessoal administrativo». Contatado por O INTERIOR, Rui Gonçalves, administrador da Gonçalves & Gonçalves, explicou que «apesar de termos vendido alguns edifícios e de outros negócios, estamos a negociar, nomeadamente com os concessionários, a transferência de vários funcionários, daí se manter a “lay-off”». O INTERIOR tentou ainda ouvir Jacinto Dias, diretor do Centro Distrital de Segurança Social da Guarda, sobre a matéria, mas o responsável remeteu comentários para a assessoria de imprensa do organismo em Lisboa, que não respondeu até ao fecho desta edição.

Trabalhadores da Garagem D. José “convidados” a ir para a Toiguarda

Contrariamente ao que correu na cidade, a Garagem D. José, concessionário Peugeot para os distritos de Castelo Branco e Guarda, não foi negociada com a Auto Martinauto, mas sim com a sociedade Automóveis do Mondego, que já comercializa a marca francesa no distrito de Coimbra. A transação não contempla a transferência dos funcionários da Garagem D. José e tornou-se efetiva desde a passada segunda-feira. O INTERIOR teve acesso a uma carta endereçada aos trabalhadores da marca, datada de dia 17, onde eram informados da «transmissão da exploração do estabelecimento onde presentemente desempenha funções para a sociedade Automóveis do Mondego». O mesmo documento esclarece que, «nos termos do contrato, tal transmissão é efetuada sem trabalhadores, tendo esta sociedade assumido a obrigação de transferir os trabalhadores para outras empresas do grupo». Nesse sentido, a Garagem D. José propôs aos visados a sua transferência para a Toiguarda – Comércio de Veículos, Lda no Fundão ou na Guarda.

A gerência do agora ex-concessionário Peugeot disponibilizava-se ainda a prestar os esclarecimentos «necessários» numa reunião realizada na tarde da passada segunda-feira. Ao que O INTERIOR conseguiu apurar, a reunião esteve longe de ser consensual e há trabalhadores que não encaram com bons olhos a transferência para a Toiguarda, especialmente para o Fundão. O INTERIOR sabe também que, entretanto, a Automóveis do Mondego já começou a recrutar pessoal.

Ricardo Cordeiro “Lay-off” do grupo começou a 19 de março e deverá prolongar-se até 19 de setembro

Comentários dos nossos leitores
ana cardona ana_cardona1@hotmail.com
Comentário:
Como é possivel dizer que não há salários em atraso, pois o meu marido trabalhou nessa dita firma 22 anos e ainda não recebeu o salário de abril… E como ele mais trabalhadores se encontram na mesma situação … Está na “lay-off”, mas sei que a Segurança Social enviou. Como é possível!?
 

Gonçalves & Gonçalves mantém “lay-off”
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