Arquivo

Glaciar continua a laborar

Gestor judicial ficou encarregue de elaborar plano de recuperação para a empresa sediada em Manteigas

A Água Glaciar vai continuar a laborar. Apesar do tribunal ter obrigado a firma Da Nascente – Águas de Mesa de Manteigas a declarar insolvência financeira, a Assembleia de Credores, reunida no passado dia 16, decidiu «por unanimidade» votar a favor da sua continuidade. Para o efeito, o gestor judicial foi encarregue de elaborar, no prazo de 30 dias, um plano de recuperação para uma fábrica que tem um passivo de cerca de 14 milhões de euros e mais de 100 credores.

Esta solução deixou satisfeito Carlos Gomes, administrador da Água Glaciar, para quem «todas as medidas que visem a continuidade da empresa são do nosso agrado», indicando que a data para a realização de nova Assembleia de Credores ainda não está agendada. De resto, o responsável garante ter sempre defendido que a unidade «tinha e tem» condições para continuar a laborar, enquanto salienta que «se a Da Nascente fechasse, os credores não receberiam o seu dinheiro». Nem o elevado valor reclamado, que rondará «os 14 milhões de euros», demove Carlos Gomes de recuperar a empresa que dirige, sendo que a maior “fatia” da dívida pertence à banca, a que acrescem os consequentes juros. Contudo, os credores são «muitos, mais de 100», assume o administrador, que frisa que a «maior parte» são pequenos credores que «vão recebendo os seus pagamentos». Em relação à situação de insolvência, o responsável explica que se mantém «até que o plano de recuperação seja aprovado». A partir daí, «a empresa entrará numa nova fase», antecipa com optimismo.

Quanto aos postos de trabalho dos 52 funcionários da fábrica, e tão importantes num concelho onde as ofertas de emprego não abundam, Carlos Gomes assegura que «não estão» em causa: «Acho que nunca estiveram. A empresa, do ponto de vista dos recursos humanos, é equilibrada e não tem gente a mais», assegura. Aliás, durante os meses de Verão, a Águas Glaciar, a produzir desde Janeiro de 1998, vê-se na contingência de contratar mais funcionários para dar resposta às solicitações de produtos. A situação de insolvência foi despoletada por um processo judicial interposto pela Aquaplásticos, da Marinha Grande, que considerou que a empresa de Manteigas já não tinha condições para lhe pagar uma dívida resultante do fornecimento de garrafas, que ascende a 2,3 milhões de euros. O projecto de criar uma empresa de exploração e engarrafamento de água em Manteigas remonta a 1990, ano em que foi adjudicada a concessão da nascente da Fonte Paulo Luís Martins aos promotores de uma das duas propostas apresentadas ao concurso público internacional aberto pela autarquia.

Posteriormente, a 25 de Janeiro de 1993, foi constituída a firma Da Nascente – Empresa de Águas de Mesa de Manteigas, para ser formalizada, a 2 de Julho do mesmo ano, a transferência da concessão para a firma constituída pela proposta vencedora. Entre 1 de Janeiro de 1994 e 31 de Outubro de 1995 decorreram os licenciamentos junto do Parque Natural da Serra da Estrela, Junta Autónoma das Estradas, Câmara de Manteigas, Instituto Geológico e Mineiro e Direcção-Geral da Indústria. A 1 de Novembro arrancou a construção do pavilhão industrial, que ficou concluído a 1 de Janeiro de 1997. Nesse ano procedeu-se à instalação, montagem, ensaios e arranque de todo o equipamento industrial, tendo a produção de águas engarrafadas começado a 18 de Janeiro de 1998.

Ricardo Cordeiro

Sobre o autor

Leave a Reply