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Ginastas de palmo e meio

Grupo escolar de ginástica da Covilhã surpreende nos regionais de desportos gímnicos da zona Centro e conquista segundo lugar

Da Escola Básica de São Domingos, na Covilhã, para os regionais em Coimbra, foi esta a cambalhota que deram as crianças que integram o grupo de ginástica do Desporto Escolar deste estabelecimento de ensino.

Dois professores de Educação Física, Lurdes Vitória e José Luís Mendes, com particular gosto pela ginástica e cerca de 20 alunos, põem em prática algumas acrobacias três vezes por semana. O grupo já existe há 10 anos, mas os resultados mais vistosos só agora começaram a chegar. O ano passado já tinha sido possível alcançar o segundo lugar de ginástica de grupo no distrital, mas este ano foram mais longe e alcançaram o primeiro lugar, o que lhes valeu um passaporte para os Regionais de Desportos Gímnicos da zona Centro, onde estavam também os primeiros classificados dos distritos de Aveiro, Coimbra, Guarda, Leiria e Viseu. Se o alcançado até aqui já era «inesperado», pois trata-se de crianças que apenas têm contacto com a modalidade em contexto escolar, o que aconteceu no passado sábado também foi surpreendente, já que o grupo de ginástica da Escola de São Domingos alcançou um honroso segundo lugar.

Para a professora Lurdes Vitória, «estes resultados são o fruto de muito trabalho ao longo de vários anos». As crianças têm entre 10 e 14 anos e muitas treinam no grupo da escola desde o primeiro ciclo, o que permite «aperfeiçoar o trabalho e a técnica». Embora a equipa que tem representado a escola seja de 20 alunos, o limite imposto, o grupo de ginástica conta com quase 50 crianças, incluindo de primeiro ciclo. O INTERIOR foi assistir a um dos últimos treinos antes da deslocação a Coimbra. Tudo foi pensado ao pormenor, a coreografia foi pensada por Lurdes Vitória que a “desenha” «quase de um ano para o outro», enquanto José Luís Mendes está atento à parte técnica e auxilia na execução. Todos os movimentos idealizados ao pormenor para que sejam executados na perfeição e no tempo certo. Na passada quarta-feira, os alunos mostravam alguma excitação natural da idade, mas também manifestavam já algum nervosismo. Os professores nãos escondiam o orgulho no trabalho desenvolvido mas assumiam que conquistar o que quer que fosse em Coimbra «seria muito difícil».

O elemento mais novo é José Pedro Mendes, com 10 anos. Está no grupo de ginástica desde o primeiro ciclo diz que achava que «era um desporto divertido e decidi experimentar, gostei tanto que nunca mais deixei». A cada conquista que alcançam sente que «a ginástica pode ser a minha vida» e afirma que «gostava de ser ginasta». Já para a prova que se seguia dizia sentir «alguma pressão». Martim Mendes, de 11 anos, também sentia a «responsabilidade de representar a escola», além de participar na coreografia de grupo disputou também um lugar no pódio na categoria de pares mistos com Ana Bernardo, de 13 anos, ambos alcançaram um terceiro lugar. Os dois estavam «ansiosos» com a apresentação. Martim treina desde os seis anos, começou por ver a ginástica como «um desporto engraçado», mas a conquista de medalhas elevou o patamar e hoje vê-a «como um sonho». Já Ana começou os treinos um pouco mais tarde, no 5º ano, quando começou «nunca pensei que fosse possível chegar a esses lugares», mas reconhece que «há muito trabalho e disciplina».

A ginástica não é uma modalidade com muitos apoios, «estamos num patamar muito limitativo, na região não há apoios» lamenta a professora. A direção da escola «está atenta» e tenta minimizar algumas falhas «mas falamos de equipamentos muito caros e não conseguimos ter salas equipadas». Falta, por exemplo, um colchão praticável, que iria permitir cobrir toda a área da sala e «faria toda a diferença durante o treino». Numa apresentação a imagem também faz toda a diferença e foi necessário investirem em fatos de ginástica, no entanto os maiôs não vão durar para sempre «e para o ano é possível que já sejam necessários novos equipamentos». Até aqui, além da escola têm contado com o apoio dos pais e da junta de freguesia «que fazem o que podem». Quanto à possibilidade de estarem a nascer durante os seus treinos futuros ginastas, nada é impossível, «mas na nossa região é muito complicado», assume Lurdes Vitória.

Ana Eugénia Inácio Prova decorreu em Coimbra sexta-feira e sábado

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