Parte externa do calcanhar, parte exterior da planta do pé e ponta anterior depois. É assim que, com toda a ligeireza, se deslocam. Descorados e com os olhos sempre em movimento, olhando uma infinidade de coisas ao mesmo tempo; e despreocupados e maleáveis. Portanto olhos vivos e sempre alerta – em princípio grandes. Tal como os carneiros ou aquários, podem originar meninos-prodígio. Como o próximo imediato é o seu mundo – na antítese do sagitário a quem o que verdadeiramente interessa é o próximo mediato, filósofos que são – a sua concentração pode ser um problema. Por outras palavras: o professor tem que estar absolutamente atento relativamente à sua distracção e à conversa com o colega do lado. É para o lado que eles olham. Em turmas do 7.º ano, isto é especialmente verdadeiro. Mais. Se aos adolescentes “der na cabeça” deixarem crescer o cabelo – mesmo que antes o usassem à escovinha –, descorados que são, ficam com aspecto andrógino.
Na resposta a uma questão o docente não tem – de forma alguma – que espantar-se se ele lhe der todos os ângulos – como nenhum outro signo. Em suma: são supremos a pervagar.
A menina pré-universitária pode revelar-se a mais inteligente da turma (como o leitor já notou, os gémeos são mais inteligentes que quase todos os outros), com uma destacada participação oral (os gémeos gostam muito de conversar, comunicar), mas se arranjou um namorado pode acontecer transformar-se em alguém absolutamente desinteressado e péssimo aluno. Os “gémeos” são imprevisíveis e vários ao mesmo tempo. Fernando Pessoa não era apenas “gémeos”. Pelos vistos tinha vários planetas em “gémeos”. Ou seja: era Álvaro de Campos, Ricardo Reis, Bernardo Soares, Alberto Caeiro, Barão de Teive…
“Coitado do Álvaro de Campos / Tão isolado na vida / Tão deprimido nas sensações / Tão enfiado na poltrona da sua melancolia /…”. Bem dito e bonito, não é? É a outra face da moeda, isto é, temos que estar muito atentos relativamente a estes seres e ampará-los se necessário. Requer-se intuição, por parte do professor, porque são mais intuitivos que racionais.
São tão mutáveis que os pertencentes a outros signos solares, a dada altura, relativamente a eles, já não sabem onde termina a realidade e principia a ilusão.
Um amigo meu, empresário de extremo sucesso num país estrangeiro, que joga no Nasdaq e Dow Jones, casado com uma “gémeos”, confidenciava-me um dia: “É muito difícil segurar a minha mulher!!”. Ele é a mais forte personalidade do Zodíaco, “escorpião” – portanto o leitor conclua. Após decidida uma questão ou um investimento, a mulher vem-lhe com outra possibilidade e, se a questão ainda não estiver decidida, ela apresenta-lhe mil hipóteses, baralha-o e o factor urgência delapida-se.
Mantê-los sempre activos é absolutamente obrigatório; e acompanhados e com conversa, se possível – mais facilmente sofrem um esgotamento emocional por isolamento e aborrecimento que por excessiva actividade. Em princípio falam e escutam sempre depressa. Também sabem sempre o chão que pisam. Pelo menos no momento… E, numa discussão, é um erro desafiá-los, porque, com uma panóplia de argumentos, em princípio com notável facilidade, saem-se airosamente. E ainda temos que estar acautelados contra os acutilantes encanto e inteligência… Para terem tudo só lhes falta paciência e persistência.
(com recurso a Linda Goodman, Guia Astrológico)
Por Alves Ambrósio*
*professor
