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Gelatina condutora

Mitocôndrias e Quasares

No ano de 2009 surgiu um avanço tecnológico que se tornou uma das patentes mais cobiçadas do mundo da electrónica. Refiro-me ao transistor em papel desenvolvido em Portugal pelo grupo de investigação de Elvira Fortunato. Um outro trabalho desenvolvido em solo português, que também se revelou um estudo muito interessante, resultante do trabalho de duas unidade de investigação, uma do Instituto Superior Técnico e outra da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, foi a criação de um gel iónico. Esta descoberta foi patenteada há cerca de dois anos, e o estudo foi publicado na revista científica britânica “Chemical Communications”.

Este gel iónico é um material novo, que resulta da combinação de liquido iónico com biopolímero que é a gelatina. E, portanto, é um material que pela sua constituição é moldável em diferentes formas, tem essa grande adaptabilidade, que talvez seja a maior, a enorme vantagem deste material. Por outro lado porque tem na sua constituição o tal líquido iónico constituído por iões, o condutor.

O princípio da condutividade assenta no recurso a um liquido iónico, um solvente que contem iões com carga negativa e positiva e, por isso, permite a passagem de energia. Ao mesmo tempo, é estável e não-inflamável.

Mas, quais as vantagens deste novo material?

Dentro de pouco tempo as baterias podem ser transparentes e assumir qualquer forma. Um electrólito baseado em gel vai revolucionar todo o fabrico de baterias de baixa potência quer em custo como nas aplicações electrónicas orientadas para sensores em medicina como em varias outras áreas. Baterias, de muitos formas e dimensões, as baterias são unidades de armazenamento de energia muito usadas em equipamentos móveis.

Por poder assumir várias formas e ser conjugado com vários materiais, o gel poderá ser utilizado em diversos dispositivos como células de combustíveis, células fotovoltaicas ou até baterias de filmes finos para pequenos sensores e em ambientes inteligentes com aplicação na saúde ou no desporto.

Para além destas aplicações, existem outras, que procuram tirar todo o partido do material, nomeadamente no campo da biotecnologia, como em bio-sensores da glucose, voltando assim às enzimas, mas também em compostos farmacêuticos e cosméticos.

Apesar de ser menos publicitado pela comunicação social, este trabalho pode revolucionar a forma com olhamos para a microelectrónica, e consequentemente, todo o nosso dia a dia, uma vez que esta área microtecnológica engloba tanto os processos físicos e químicos de produção de circuitos integrados como o projecto dos mesmos.

Não tardará o dia em que andaremos com baterias maleáveis…

Por: António Costa

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