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Gartêxtil pode vir a funcionar «muito rapidamente»

Após a marcha lenta no IP5, o Sindicato Têxtil da Beira Alta reuniu com a Caixa Geral de Depósitos e Ana Manso que deixaram alguma esperança na viabilização da empresa da Guarda-Gare

«Hoje estão reunidas as condições para que a Gartêxtil venha a funcionar muito rapidamente». Esta foi a primeira reacção positiva depois da marcha lenta no IP5, realizada na última sexta-feira por algumas das 190 trabalhadores da empresa de confecções da Guarda-Gare e pelo Sindicato Têxtil da Beira Alta (STBA). A afirmação é de Ana Manso, deputada na Assembleia da República pelo círculo da Guarda e líder social-democrata no distrito, que reuniu com o STBA na passada segunda-feira, deixando algumas palavras de esperança quanto à reabertura da empresa.

Depois de 15 meses de constantes avanços e recuos no processo de recuperação, volta-se a falar numa multinacional interessada em viabilizar a Gartêxtil. Mas para já ninguém quer avançar nada sobre o assunto, embora Ana Manso diga acreditar que esteja para «muito breve» a sua abertura, de forma a «manter» os postos de trabalho e criar condições para que a empresa se venha a desenvolver. Uma postura que para Carlos João, presidente do STBA, «é positiva», pois «começam a abrir as portas para, de uma vez por todas, se encontrar uma solução» para a empresa. «Parece que começa a haver entendimento nalgumas entidades», realça o sindicalista, que ainda no dia da marcha lenta reuniu com os responsáveis da Caixa Geral de Depósitos, principal credora da Gartêxtil. Foram estas as duas primeiras reacções à iniciativa levada a cabo pelas trabalhadoras, cuja maioria vai deixar de receber o subsídio de desemprego já em Dezembro. Depois disso «não sei, porque tenho dois filhos para sustentar e vai ser muito difícil», diz Maria da Graça Fernandes, espelhando a situação de muitas das suas colegas. É que «quando acabar o subsídio ficamos sem nada», continua Maria de Lurdes Bernardo, já sem esperanças que a fábrica volte a funcionar, porque «é o que vemos em todo o país», constata. Ainda assim, Carlos João considera que as trabalhadoras não estão desmotivadas, mas apenas com «algum cansaço», pelo que «não vão desistir» tal como ele que «cada vez tenho mais esperança», diz.

Uma esperança mais sustentada agora pelas recentes reuniões, que para Carlos João são consequência da marcha lenta que tinha a finalidade de «acordar alguém que estivesse adormecido». «Tinha a certeza que as pessoas responsáveis não seriam insensíveis a mais um sacrifício que os trabalhadores tiveram que fazer», continua o responsável. Resta saber quando e como é que a empresa abrirá. De resto, o sindicalista saiu bastante satisfeito dos encontros, referindo que «as coisas estão a encaminhar-se para a conclusão que todos nós desejamos» e esperando que no dia 31 de Outubro (dia do próximo plenário) possa ter em cima da mesa algo que sindicato e trabalhadores «possam dizer que valeu a pena e que a luta pode ficar por aqui». Caso contrário, o dirigente do STBA já anunciou em Vilar Formoso, no final da marcha lenta, mais uma acção em frente ao Governo Civil, a realizar na primeira quinzena de Novembro na presença do secretário-geral da CGTP, Carvalho da Silva. «Se até ao dia 31 de Outubro não aparecer nenhuma boa nova, voltamos à rua. Se aparecer também depressa resolvemos na empresa», explicou Carlos João às poucas trabalhadoras que manifestaram a sua angústia na marcha lenta que contou com cerca de 50 carros. Uma marcha interrompida pelo capitão da GNR que «queria que o trânsito não estivesse muito condicionado» mas que acabou por tirar algum impacto à iniciativa, que tinha como objectivo “empatar” o trânsito no Itinerário Principal 5. Ainda assim, no final os participantes estavam satisfeitos com a adesão, que serviu fundamentalmente para «mostrar ao Governo que se não conseguir viabilizar a empresa, o melhor caminho é passar Vilar Formoso». Uma saída que pode não ser necessária, perante o resultado das reuniões do STBA com a Caixa Geral de Depósitos e com a deputada Ana Manso.

Rita Lopes

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