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Galo sacrificado na Guarda

Apesar do frio, cerca de duas mil pessoas seguiram o cortejo até à Praça Velha

O Entrudo já passou, mas na memória dos guardense continuará certamente a festa do “Julgamento e Morte do Galo do Entrudo”. Na noite de segunda-feira a folia saiu à rua e nem o ar gélido que se fez sentir afastou as muitas centenas de pessoas que, animadamente, clamaram pelo sacrifício do galo.

A iniciativa conseguiu trazer, uma vez mais, o povo à rua para assistir a uma das mais tradicionais e genuínas manifestações de Carnaval da região. A partir do Jardim José de Lemos, onde se iniciou o cortejo, muitas foram as surpresas e alegorias que marcaram o percurso, que culminou com a “morte” do galo na Praça Velha. No espectáculo, que envolveu centenas de pessoas, participaram colectividades da região, grupos de música tradicional, actores profissionais e amadores. Mas a música, a luz, a pirotecnia e, principalmente, o ingrediente humor e ironia não faltaram a esta grande festa carnavalesca. Desde a ensurdecedora música dos bombos, às fantásticas figuras que invadiram a multidão, dos cabeçudos e gigantones, dos ranchos às tunas e outras tantas figuras, tudo serviu de pretexto para o povo aproveitar para expurgar os males terrenos neste arrojado evento.

O ponto alto culminou na Praça Velha, onde D. Sancho I dirigiu o julgamento cujo veredicto final foi a condenação ao fogo. E nem a defesa da Ribeirinha, do poeta Augusto Gil e Dinis da Fonseca, ou até mesmo a intervenção da “AZAI-rural” valeram ao pobre galináceo, que acabou por ser o bode expiatório de todos os fracassos do ano que findou. O espectáculo agradou a miúdos e graúdos. Mas nem todos foram unânimes na sentença. Maria, de 7 anos, questionava a razão do «bonito» galo ter de morrer, apesar das explicações da avó. Maria Dolores tentou convencê-la de que era apenas «a brincar» e que o galo não era verdadeiro, apenas servia para cumprir a tradição. Porém, a maior parte do público considerou o “Julgamento e Morte do Galo do Entrudo” um bom espectáculo de animação e teatro de rua. «É um Carnaval mais nosso, que revive as nossas tradições e que junta a comunidade nas ruas da cidade», disse, entusiasmado, Jorge Brás.

Este espectador que seguiu «todo o cortejo» até à Praça Velha, considera que foi «um bom espectáculo, mas que deixou alguma coisa a desejar». Para o jovem de 26 anos, houve «menos interacção com o público do que no espectáculo do ano passado». Mesmo assim, salienta que «trouxe muita animação às ruas da cidade». A opinião é partilhada por Horácio Teixeira: «Sem dúvidas um bom espectáculo. Gostei de tudo», refere. O espectáculo foi produzido pelo Teatro Municipal da Guarda/Culturguarda, numa parceria entre a Câmara e a Agência para a Promoção da Guarda.

Tânia Santos

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