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Futuro incerto para a Santa Casa de Belmonte

Relatório de auditoria diz que instituição está em “falência técnica”

O futuro da Santa Casa da Misericórdia de Belmonte parece cada vez mais incerto. De um lado, está uma auditoria que revelou a situação de “falência técnica” da instituição. Do outro, está o provedor, convencido de que o reequilibro financeiro é possível.

Perante uma situação financeira grave, a autarquia belmontense decidiu pagar uma auditoria às contas da instituição, cuja análise foi divulgada no mês passado. O relatório da firma de revisores de contas, encarregue de fazer a auditoria, foi peremptório: a Santa Casa encontra-se em “falência técnica”, o que significa que a dívida é superior ao retorno obtido. A firma Moore Stephens concluiu ainda que os investimentos sem retorno, num lar na vila de Caria, num auditório e numa empresa municipal, pouco têm contribuído para o equilíbrio financeiro. Ainda assim, admite-se, na análise, que «os responsáveis da instituição, conhecedores da gravidade da situação financeira, estão a tomar as medidas possíveis perante as circunstâncias», refere a Santa Casa em comunicado. A instituição possui 388 utentes, que utilizam o lar e a creche. Mas ao longo dos últimos tempos, teve de se desfazer de equipamentos, património e até mesmo de funcionários. «Fechámos alguns serviços, como o Atelier de Tempos Livres, o Centro de Dia de Inguias e reduzimos o número de funcionários de 130 para 93», esclareceu o provedor a O INTERIOR.

João Gaspar acredita que será possível «resolver os problemas financeiros» e recusa afirmar que a creche ou o lar tenham estado alguma vez em risco de encerrar. «O infantário, creche e lar não vão fechar, isso nem em pensamento se coloca», defendeu. Visão mais céptica tem o presidente da autarquia, que também é “irmão” da Santa Casa. Amândio Melo mostrou-se, desde início, pouco convencido da recuperação financeira da instituição e chegou mesmo a defender, em declarações à Agência Lusa, «a eleição de novos dirigentes», perante a situação de “falência técnica”. O autarca, em declarações a O INTERIOR, afirmou que «o futuro da Santa Casa é mais do que evidente, tendo em conta que o estudo mostra bem a situação grave em que se encontra». Já no que diz respeito à manutenção da creche e do lar, não tem uma resposta tão vincada quanto a do provedor. «Não sei como será», disse.

A autarquia «não concorda com a gestão que está a ser feita e não entende como é que a instituição pode dizer que está tudo bem, perante as conclusões do relatório», sustentou. Já João Gaspar acusa a Câmara de «não ajudar a instituição», especialmente porque «deixou de pagar os subsídios que antes concedia».

No final do mês passado, a Assembleia Geral da Santa Casa reuniu para aprovar o orçamento do próximo ano. Se, por um lado, há poucas certezas sobre o futuro da instituição, por outro, é já certo que 2011 não será um ano de grandes investimentos, uma vez que o que se pretende é «estabilizar as contas», referiu João Gaspar. O provedor continua, aliás, a afirmar que esse «reequilíbrio já está» feito e que o único problema reside «naquilo que está para trás». Ou seja, nas dívidas. De acordo com o relatório da Moore Stephens, foram detectadas dívidas às finanças e segurança social e o «endividamento bancário ascende aos 1,6 milhões de euros». Para fazer face a essa dívida, a Santa Casa continua a ter de diminuir o seu património. Nesta última reunião de “irmãos”, foi aprovada a venda de três imóveis no concelho de Belmonte.

Catarina Pinto Misericórdia de Belmonte aprovou a venda de alguns imóveis

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