Uma auxiliar de acção educativa da Escola EB1 de Santa Zita, na Guarda, queixa-se de ser obrigada a tomar conta de uma criança com várias deficiências, sem que o seu próprio estado de saúde o permita. A funcionária, de 48 anos, possui um atestado de incapacidade permanente global de 50 por cento, por ser portadora de hepatite auto-imune crónica.
Adalberto Carvalho, coordenador do Agrupamento de Escolas da Área Urbana da Guarda, desmente Elsa Aguiar no que toca ao rol de actividades que esta se diz obrigada a desempenhar, alegando que a deficiência da criança é inferior ao sugerido. Segundo a auxiliar, a criança não fala, sofre de incontinência e não usa fralda, pelo que a funcionária é obrigada a cuidar da higiene da aluna. Além disso, «não come sozinha, tem problemas de orientação e de mobilidade, tendo de ser transportada ao colo entre os vários andares da escola», refere Elsa Aguiar. Adalberto Carvalho tem outro entendimento. «O que se está a pedir a esta auxiliar é que, dentro da sala de aula, esteja com a menina, porque ela precisa de um adulto que lhe chame a atenção para a aula e para o trabalho. Pede-se-lhe que, no intervalo, a mantenha debaixo de olho e veja se não se perde, não se magoa, não foge. É tão simplesmente isso», garante.
O professor acrescenta que sempre compreendeu o problema de saúde da funcionária e que «as disposições legais relacionadas com o seu relatório médico sempre foram respeitadas». Adalberto Carvalho adianta que a aluna em causa não está «tão incapacitada» quanto o sugerido por Elsa Aguiar. «Essa menina não é da unidade de multideficiência. Em termos de locomoção é perfeitamente autónoma, não precisa de ser levada ao colo. Poderá acontecer, algum dia, que seja necessário fazer alguma higiene… e daí? O que é que isso tem a ver com o problema dos 50 por cento de incapacidade?», questiona o coordenador do Agrupamento, que se diz disponível para retirar também esse serviço à auxiliar se lhe for entregue «um relatório médico que assim o justifique».