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Freeport

Bilhete Postal

Ou como as notícias podem ser tão rápidas que este artigo pode desinteressar na 5ª feira.

Repare-se como se começa no terreno, evolui-se para o plano director, para a reunião com os autarcas e depois com os promotores, depois já falamos na mãe, no apartamento, no outro apartamento que é dele e na fortuna do tio. Estamos a uma velocidade de descrédito. O primeiro-ministro, que não se chama Santana Lopes, e o Presidente, que não dá por Jorge, descobrem esta coisa fantástica que levou à queda do Governo pós-Durão Barroso – a lama. Este lamaçal que tudo engole e esta turbulência que devemos evitar a todo o custo na vida dos políticos. De facto, a situação reveste-se de uma enorme gravidade, pois mexe com a imagem dos governantes, com a seriedade dos bancos, com a legitimidade da lei igual para todos e a necessidade de oportunidades similares só para alguns. São muitos nomes a cair no lodo, a escorregar no musgo, a chamuscar-se nesta fogueira. Foi Dias Loureiro, Miguel Cadilhe, Vítor Constâncio, Sócrates e também o ministro e os aviões e as contrapartidas e o ex-ministro, agora autarca, e as compras da GNR. Sobram ainda os ganhos secundários para alguns, da venda dos Magalhães que envolveram um primeiro-ministro. Estamos à beira da queda da República?

Portugal descobre as minudências de uma gente que devia estar noutro patamar e alcançou o lugar inadequado. Eu temo estes espaços de chafurdarem onde alguns se atolam e percebo como sujam a granel, sem critério algum. Mas estamos num tempo de desmistificações. Estamos num lugar de frio fúnebre, chão de pedra gélida. O Freeport trouxe um parágrafo mais para a novela dos Bancos e das suspeições. Só que as suspeições deixam cicatrizes na alma mais do que na pele. Não sai com banho aquele amargo da injustiça, a marca da ineficiência ou da incompetência, ou o cheiro da podridão. A verdade é que hoje, domingo, prevejo a queda rápida do Governo, antevejo um espaço complexo político económico de onde brotarão novas pessoas, novas oportunidades. Está-se a fechar uma janela e a abrir uma porta.

Por: Diogo Cabrita

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