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Francisco Manso de volta para Castelo Branco

Regresso à ULS albicastrense acontece após as notícias das últimas semanas sobre a possível demissão de Ana Manso e de uma reunião do Conselho de Administração da ULS da Guarda com o ministro Paulo Macedo

Francisco Manso regressa segunda-feira à Unidade Local de Saúde (ULS) de Castelo Branco. A decisão está a ser considerada como sendo um paliativo para corrigir os efeitos da sua polémica nomeação como auditor interno da ULS da Guarda e que pode vir a custar à sua mulher a presidência do Conselho de Administração do organismo que gere os hospitais da Guarda, Seia e os centros de saúde do distrito.

Aliás, coincidência ou não, este regresso à origem surge dias depois de ter sido noticiado que o ministro Paulo Macedo tem em cima da mesa o futuro de Ana Manso no cargo. E também após uma reunião, realizada a 14 de agosto no Ministério da Saúde, entre o governante e o Conselho de Administração da ULS guardense – à exceção de Miguel Martins. O “afastamento” de Francisco Manso poderá ter sido acordado nesse encontro. Atualmente a trabalhar como destacado no Grupo de Acompanhamento das Obras do Hospital da Guarda e sem outras funções definidas na ULS, o administrador hospitalar terá então solicitado para voltar a Castelo Branco alegando «razões pessoais e familiares», pedido que foi rapidamente autorizado pelo secretário de Estado da Saúde, Manuel Teixeira, e aprovado pela ULS guardense. Desaparece assim de cena uma das personagens desta polémica, resta saber o que vai acontecer aos outros protagonistas.

O caso é por demais conhecido. Ana Manso requisitou o marido em dezembro de 2011, quinze dias após ter sido empossada, e nomeou-o auditor interno da ULS guardense. Mas a nomeação saltou para as páginas dos jornais graças à divulgação do despacho do Conselho de Administração (CA) que lhe deu origem e 48 horas depois Francisco Manso foi demitido por Ana Manso. Na altura, de nada valeu a presidente do CA alegar que as contas da ULS eram auditadas por uma empresa especializada contratada para o efeito, pelo que o trabalho do marido seria outro e invocar os mais de 30 anos de experiência profissional do administrador hospitalar de carreira. Também pouco serviu justificar que a sua escolha terá ocorrido «colegialmente» e que não teria «quaisquer custos para a instituição, uma vez que as funções não são remuneradas». O mal já estava feito e os socialistas deram-lhe mais projeção nacional, foi quanto bastou para o gabinete de Paulo Macedo entrar em ação e exigir medidas a Ana Manso.

A presidente da ULS da Guarda foi forçada a demitir o marido após reunir com o ministro. Este recuo foi justificado como sendo a forma de «assegurar todos os critérios de transparência que se exige às instituições e aos dirigentes de cargos públicos». A propósito desta polémica, o ministro declarou mais tarde aos jornalistas que esta saída era «o único ato possível» por parte da presidente da ULS da Guarda, mas escusou-se confirmar se a demissão tinha sido uma imposição sua. O que disse na altura é que a nova legislação sobre a composição dos Conselhos de Administração deverá mudar também as regras nas nomeações dos auditores internos.

Ana Manso pede para ser recebida pelo ministro

Fonte autorizada da administração da Unidade Local Saúde (ULS) da Guarda confirmou a O INTERIOR que os seus elementos estiveram reunidos com Paulo Macedo no passado 14 de agosto, mas nega que o encontro esteja ligado à notícia da intenção do ministro demitir Ana Manso, publicada pelo “Correio da Manhã” três dias antes.

«Foi uma reunião de trabalho genérica e pontual, como as que a tutela realiza com todos os Conselhos de Administração das unidades de saúde do país», disse a mesma fonte. Segundo a qual, os assuntos abordados foram «o Hospital Sousa Martins, os resultados operacionais da ULS e a redução de custos», tendo ainda Paulo Macedo reiterado que continua a analisar o dossier da ampliação e requalificação do hospital guardense. Nesse sentido, a tutela terá informado os elementos do CA que «aguarda a reprogramação do QREN para conseguir o financiamento necessário para a segunda fase da empreitada». A mesma fonte acrescentou que, por isso, «está tudo na mesma» em relação às obras. «Não há novidades», prosseguiu, escusando-se a confirmar se o ministro indicou alguma data para a abertura do novo pavilhão, fisicamente pronto desde janeiro, ou para a instalação do seu equipamento.

Mas esta é a versão oficial. Segundo apurou O INTERIOR, terá sido Ana Manso a pedir com urgência esta reunião a Paulo Macedo de forma a marcar uma posição de força e confrontar o ministro com as notícias que davam conta da sua putativa demissão. Já a presença de quase todos os elementos do CA – faltou Miguel Martins, que está isolado no seio da administração da ULS desde a revelação do caso do alegado abastecimento do seu veículo pessoal com o cartão daquela entidade – foi justificada com o facto de «ao ser verdade que o ministro tenciona demitir Ana Manso, também terá que demitir todo o Conselho de Administração da ULS porque a equipa foi constituída por ela». Contudo, a verdade e consequências só se saberão em outubro.

Quatro concursos para contratar médicos ficaram desertos

O balanço dos concursos abertos pela ULS da Guarda para 55 vagas em diferentes especialidades médicas continua negativo.

Na semana passada, quatro procedimentos para lugares de assistentes de Gastrenterologia (duas vagas), de Saúde Pública (2), de Cardiologia (3) e de Medicina Física e de Reabilitação (3) ficaram desertos. Já ao concurso para oito postos de trabalho na categoria de assistente de Medicina Geral e Familiar para os centros de saúde apenas concorreu um candidato. Assim, apenas 24 jovens médicos concorreram às 55 vagas disponibilizadas, sendo que os candidatos admitidos ainda vão ter que passar por uma entrevista efetuada pelos respetivos diretores de serviço para serem contratados pela ULS guardense. O requisito exigido aos candidatos era terem concluído o respetivo internato médico na segunda época de 2010, nas duas épocas de 2011 e na primeira época de 2012.

Como noticiou O INTERIOR na última edição, a Cirurgia Geral foi a área com mais candidatos admitidos (6) para os dois lugares postos a concurso, enquanto a Reumatologia foi a segunda com mais jovens médicos interessados. Concorreram quatro especialistas para as duas vagas disponíveis. Muito procuradas foram também as especialidades de Oftalmologia (três candidatos para dois lugares), Otorrinolaringologia (dois para dois lugares) e Pediatria (três para dois lugares). Pelo contrário, sobraram vagas em Ortopedia (três candidatos para cinco lugares), Ginecologia e Obstetrícia (um para três lugares em cada especialidade) e Radiologia (um para três vagas).

Luis Martins Administrador esteve a trabalhar na Guarda como destacado desde março

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