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Francisco Louçã deixa críticas em Manteigas e na Gardunha

Nacionalizar a floresta é a principal solução apontada pelo líder do BE

Francisco Louçã, coordenador do Bloco de Esquerda, esteve na Beira Interior na última terça-feira para visitar as áreas devastadas pelos incêndios dos últimos dias. O líder do BE esteve na Serra da Gardunha e em Manteigas, onde as chamas queimaram mais de 2,500 hectares do Parque Natural da Serra da Estrela.

Louçã quis «conhecer directamente» a organização que está por detrás do combate aos fogos, um «trabalho magnífico dos bombeiros», salienta o líder bloquista, que partiu com «o coração a sangrar». Francisco Louçã percorreu, durante uma hora, as zonas ardidas num “jeep” dos bombeiros de Manteigas e ficou «desolado» por constatar que se trata de «muitos estádios de futebol ardidos». Na “manga” leva a promessa de solicitar ao Governo algumas medidas para que se possam minimizar estas catástrofes que insitem em devastar a já escassa mancha verde portuguesa.

Assim, uma das primeiras prioridades apontadas pelo dirigente do Bloco é a compra de “Canadair’s” próprios para evitar os gastos «exuberantes» no aluguer destes meios aéreos. «É escandaloso que a Galiza tenha mais meios pesados do que Portugal inteiro», sustenta Louçã, que também promete insistir na prevenção. Para este deputado, enquanto o país tiver propriedades de pessoas idosas e muitas vezes sem se conhecer o dono «não há possibilidade de melhorar». Daí a sua aposta na Lei de Bases da Floresta, para que nos próximos 10 anos «consigamos resolver o problema».

Francisco Louçã defende, ainda, a associação dos proprietários por forma a incentivá-los à reflorestação das suas matas. «O Estado deve apoiar mais a Associação de Produtores Florestais» para que sejam criados mais meios de prevenção e de reflorestação. Mas Louçã vai mais longe, sustentando que o Governo «deve» comprar os terrenos florestais, «sem esquecer de proteger os seus actuais proprietários». Nacionalizar é a palavra de ordem deste líder político, tendo em conta o tratamento «mais sustentado» dos pinhais. «Portugal tem a mais pequena mancha de floresta pública da Europa», lamenta, salientando que os proprietários «não podem» fazer nada sozinhos, pois não têm meios nem financeiros, nem técnicos e, na maior parte dos casos, nem físicos. Comprar os terrenos e misturar as várias espécies que identificam Portugal, tal como o castanheiro, carvalho, sobreiro e outros, são as soluções que Francisco Louçã promete apresentar ainda esta semana no parlamento.

Jorge Noutel, candidato do BE à Câmara da Guarda, acompanhou o líder do BE nesta visita e refere que a «extensíssima» área ardida coloca, novamente, a questão da prevenção. «Olhar para esta Serra é desolador e isso deve tocar-nos a todos, porque os problemas resolvem-se a montante», explica Noutel, que defende a participação activa das comunidades na floresta. O candidato fala mesmo de «desertificação florestal» com alguns interesses que «queremos denunciar», para «parar esta devastação ecológica e ambiental», conclui o cabeça de lista do BE à autarquia guardense.

Rita Lopes

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