A reeleição de Manuel Rodrigues, que liderou a única lista candidata à concelhia da Guarda do PSD, foi ensombrada por uma fraca votação. É que dos 336 militantes em condições de votar apenas 106 o fizeram no sábado e desses só 85 ratificaram a equipa do presidente cessante.
Os restantes (21) foram votos brancos e nulos, tendo o presidente da mesa, Vítor Lavajo, manifestado algum desconforto pelo facto de alguns sociais-democratas terem manifestado nos boletins o seu descontentamento pela forma como foi conduzido o processo de elaboração desta lista. Manuel Rodrigues desvalorizou os números da votação, preferindo reiterar que o «objetivo primordial» do PSD/Guarda é a conquista da Câmara ao PS no próximo ano. O mesmo defendeu o líder distrital Júlio Sarmento, que também marcou presença na sede guardense. «Haver uma única lista supõe a convergência entre a distrital e a concelhia, apesar da participação neste ato eleitoral não espelhar um maior consenso, mas há um consenso estratégico entre a concelhia e distrital quanto ao objetivo autárquicas», sublinhou.
O problema é que o tão apregoado consenso da concelhia à volta da lista única liderada por Manuel Rodrigues esfumou-se poucos dias antes das eleições. Júlio Sarmento ameaçou demitir-se caso não houvesse uma lista consensual e impôs mesmo que nenhum membro da distrital concorresse contra Manuel Rodrigues. Esta posição levou João Prata a abandonar as negociações e a declarar-se indisponível para integrar, como previsto, a lista única. O verniz estalou quando o líder distrital quis Sérgio Duarte para vice da concelhia, contrariando João Prata que tinha proposto Pedro Nobre – no seguimento de um acordo entre Manuel Rodrigues e Prata que dava a este possibilidade de indigitar metade dos nomes integrantes da lista. Com a tão apregoada união em frangalhos, Sarmento avisou os apoiantes do presidente da Junta de São Miguel da Guarda, já no passado dia 28, que não veria com bons olhos o aparecimento de uma lista alternativa a Manuel Rodrigues.
Tudo para evitar que os sinais de divisão exacerbados nesses dias conturbados deitassem por terra o objetivo do partido concorrer à Câmara da Guarda «unido e coeso». Mas o mal já poderá estar feito. É que foram precisas três reuniões para escolher os elementos da lista e não foram nada pacíficas, como apurou O INTERIOR. Depois de Prata se ter desvinculado de qualquer compromisso, os seus apoiantes, como Jorge Libânio, Sérgio Costa e Tânia Cameira, também declinaram alinhar com Manuel Rodrigues. Assim, no sábado à noite, além de Manuel Rodrigues, foram eleitos Sérgio Duarte e Luís Aragão (vice-presidentes), bem como Júlio Santos, Isabel Bandurra, António Mendes, Ricardo Neves de Sousa, Mário Sucena e Alcina Tourais. José Gomes preside à mesa do plenário. No mesmo dia foi também reeleito Pedro Passos Coelho na presidência do PSD, tendo obtido na distrital da Guarda 1.198 votos, enquanto José Miranda e Carlos Pais foram eleitos presidentes da concelhias de Fornos de Algodres e Vila Nova de Foz Côa, respetivamente.
Luis Martins