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Fórum distrital da Guarda a caminho

Participantes no encontro “Ai muito me tarda…” propõem a criação de sociedade de desenvolvimento regional e de mecanismos de discriminação positiva

A criação de uma sociedade de desenvolvimento regional e a realização de um fórum distrital são algumas das sugestões deixadas, no último fim-de-semana, por várias personalidades naturais ou ligadas à região da Guarda. Cerca de 40 individualidades responderam ao repto do Governador Civil para participarem no encontro “Ai muito me tarda… (Que posso eu fazer pela Guarda?)” com o objectivo de reflectir e perspectivar o futuro de um distrito envelhecido e desertificado.

A constituição de uma sociedade de desenvolvimento regional foi apontada como sendo um dos recursos para contrariar essa tendência. «A estrutura sugerida poderá ser composta por capitais dos municípios e outros agentes para, em rede, possibilitarem o lançamento e concretização de projectos à escala regional, de cariz e relevância económica», explicitou Santinho Pacheco no encerramento da iniciativa, no auditório do Museu do Côa. Das conclusões constam ainda a «reivindicação, junto dos poderes estatais, ou governamentais, da criação de mecanismos de discriminação positiva, no que concerne a novas políticas fiscais a longo prazo (IRS e IRC)». Mas também a definição de «políticas concretas, tendo em vista a reanimação do tecido económico e social do interior do país». Os participantes reconheceram ainda que é necessário «reformular o QREN (Quadro de Referência Estratégico Nacional), de forma a majorar os incentivos para as empresas do interior ou que aqui se pretendam instalar».

Também a regionalização esteve nas conversas, tendo sido considerada «uma forma de proporcionar politicas diferenciadas, que permitam condições de sustentabilidade e desenvolvimento da região, a reanimação do mundo rural, a fixação ou retorno às origens». Por outro lado, foi igualmente defendida a necessidade de «afirmar a Guarda» no contexto nacional e internacional «pelos seus elementos diferenciadores», como a natureza, o património, a gastronomia ou os vinhos, além de promover a proximidade com Espanha, particularmente com Salamanca e Castilla y León. Entretanto, os participantes decidiram programar um fórum distrital [sem data marcada], que envolve mais personalidades ligadas ao distrito, mas também avançar para a criação de uma estrutura associativa. Fazer “lobbying” junto da administração central é um dos objectivos, como admitiu Santinho Pacheco: «É preciso exercer uma acção sensibilizadora na ajuda à resolução de problemas e constrangimentos da Guarda», considerou.

Neste encontro participaram, entre outros, Manuel Braga da Cruz, reitor da Universidade Católica; Carlos Matias Ramos, Bastonário da Ordem dos Engenheiros; António Castro Guerra, presidente do Conselho de Administração da Cimpor; Alcides Vieira, director de informação da SIC; e o Procurador-Geral da República. Questionado por O INTERIOR sobre a introdução de portagens enquanto travão do tão ambicionado desenvolvimento, Pinto Monteiro chutou para canto: «É uma questão política, não me quero meter nisso. É evidente que se tornará mais difícil para as terras interiores, mas isso são opções governamentais e de falta de dinheiro», respondeu.

Encontro sem «eficácia»

Os autarcas sociais-democratas primaram pela ausência neste encontro, alvo de críticas por parte de Júlio Sarmento, edil de Trancoso. O também presidente da Assembleia Distrital da Guarda lamentou a «falta de concertação» com os demais eleitos, deputados à Assembleia da República, associações empresariais e profissionais, além das escolas, universidade e politécnico. «Para que esta iniciativa, que me parece oportuna, fosse frutuosa era imprescindível a definição de uma agenda política, partilhada por todas as forças e parceiros institucionais», declarou, considerando que, à falta desta, o encontro apenas se destinou «ao legítimo protagonismo do Governo Civil, o que prejudica a eficácia de uma ideia interessante e um objectivo com que todos estamos de acordo». Júlio Sarmento criticou ainda o «papel de assistentes e não de convidados» reservado aos municípios da região.

Luis Martins Cerca de 40 personalidades ligadas à Guarda responderam ao apelo do Governo Civil

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