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«Foi um momento de grande êxtase para todo o grupo»

Cara a Cara – Entrevista: Manuel Tulipa

P – Consegue descrever o sentimento que teve quando viu a bola entrar na baliza do Aves ao minuto 94?

R – É um momento indescritível porque existia uma grande tensão e sabíamos o resultado do nosso adversário direto, pelo que tínhamos de fazer um golo para ganhar o jogo. Acabámos por ser bem sucedidos e foi um momento de grande êxtase e de grande felicidade para mim e para todo o grupo.

P – Acreditou sempre que esse golo iria surgir?

R – Sim, nos últimos tempos tínhamos pecado muito na finalização e percebemos que essa também estava a ser a nossa barreira no encontro com o Aves. Sabíamos que o adversário era de qualidade e que vinha fazer um jogo sério, mas estávamos sempre na eminência de que pudéssemos fazer golo. Acabámos por ser felizes com o golo de um jogador do setor intermédio que, se calhar merecia mais do que ninguém aquela felicidade.

P – Quando chegou ao Sporting da Covilhã para tentar assegurar a manutenção pensava que a tarefa ia ser menos complicada?

R – Não. Já tinha a noção de que ia ser difícil porque cheguei numa situação complicada em que éramos a equipa com menos golos marcados e mais sofridos. Sabíamos que tínhamos de alicerçar o nosso trabalho para arranjar uma organização defensiva que não permitisse que a equipa fosse batida tão facilmente e, por outro lado, que fossemos mais eficazes no ataque. Quando chegámos à 19ª jornada, a equipa tinha 17 golos marcados e 35 sofridos. Eram estatísticas difíceis e sabia que se continuasse nessa senda não seríamos capazes de conseguir o objetivo da manutenção.

P – Na sua opinião o que correu menos bem para a permanência só ter sido assegurada na última jornada?

R – As outras equipas também têm valor. Quando cheguei disse que pensava fazer entre 16 a 18 pontos e só fizemos 14, mas se calhar também fomos a equipa que nesses 12 jogos foi mais vezes penalizada por algumas tomadas de decisão que não foram ajustadas à realidade. Nos jogos fora, onde o Sp. Covilhã teve sempre um comportamento exemplar e uma qualidade de jogo muito boa, ficou sempre aquém do que eu esperava porque foi sendo penalizada por alguns erros individuais que não podem ocorrer e outros, se calhar, porque quem dirigiu os jogos não tomou as melhores decisões.

P – Acha que a interioridade ainda é um fator que se faz sentir?

R – Também, mas temos que saber lutar contra isso. As pessoas que planeiam toda a estrutura e orgânica do clube têm de saber lidar com essa situação.

P – Considera que o clube tem capacidade para atingir uma melhor classificação?

R – Acho que o clube tem um potencial muito grande e é muito bem gerido financeiramente. Agora temos que pensar que, desportivamente, tem que funcionar melhor porque não pode andar dois anos seguidos sempre até à última jornada para se manter. Se o clube conseguir fazer convergir todas as forças da cidade, com certeza que será mais fácil também para quem o gere. Em termos de infraestrutruras é dos clubes com maior poder, pois dá condições para que os seus profissionais trabalhem de uma forma serena. Temos campos e disponibilidade sempre para podermos treinar em locais confortáveis. Agora, o planeamento tem de ser uma coisa muito bem pensada e ajustada numa fase inicial.

P – Já sabe se vai continuar a treinar o clube na próxima época?

R – Ainda não sei.

P – Gostava?

R – Claro que gostava porque existe potencial para se poder trabalhar, desde que sejam dadas também as condições que eu acho que são necessárias para um treinador. Acho que o clube pode construir um plantel melhor em termos qualitativos e, se calhar, dar mais segurança à equipa, porque a primeira fase do campeonato é decisiva para a definição dos objetivos.

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