Arquivo

Fishing Boxes

Bilhete Postal

Um fenómeno que é eloquente para a demonstração de como todo o sistema falha são as caixas de pesca que hoje vemos na estrada. Quem vem de Coimbra para a Guarda, ali por Nelas começa a encontrar caixas vermelhas, guarda-sóis vermelhos e nas estradas de areia insinuam-se corpos de mulher, algumas de minissaia, outras de jeans justas e um apelo no olhar. “Cathing men” é sua função. Elas pescam seus clientes com um modelo de comportamento que começa a ser norma. As caixas são iguais, a cor vermelha também. Prevalece um sinal, um ícon que reconhecemos como padrão. Isto quer dizer que há ali mulheres que se prostituem, e há ali um Estado que não fiscaliza, que permite tudo, desde que em péssimas condições, e uma provável escravatura onde podia haver ordem e até sanidade. Impedir a prostituição é em si mesmo uma estupidez, mas permitir que ela exista nestas condições é absurdo. Um Estado não perverso tem uma assistência social atenta, uma polícia obsessiva, uma política de emprego e de educação. Mas o mais coerente é permitir lugares de prostituição que são vigiados e que subvertem a lógica das máfias e dos labregos que exploram uma pobre diabo. Porque a legalidade é um caminho inteligente sempre fui a seu favor. O que noto é o crescimento e a expansão das “fishing boxes”, os panos vermelhos na borda da estrada e nunca vi um carro patrulha a estacionar por ali, nunca vi a Segurança Social ou a ASAE a prender os exploradores e os mafiosos que diariamente as trazem e levam. Toda a exigência e perspicácia se voltou para o padrão da extorsão de dinheiro aos cidadãos.

Por: Diogo Cabrita

Sobre o autor

Leave a Reply