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FIPER recorre a processo de insolvência

Falta de encomendas atira empresa têxtil do Teixoso para situação de crise

A crise que atravessa todo o sector têxtil e de confecções parece ter atingido agora a FIPER – Fiação de S. Pedro. A empresa, sediada no Teixoso, Covilhã, já avançou com um processo de insolvência no Tribunal da Covilhã há mais de um mês, aguardando apenas a nomeação de um gestor judicial para accionar os mecanismos de recuperação da empresa.

«Parece que está mal», diagnostica Luís Garra, presidente do Sindicato Têxtil da Beira Baixa, apesar da fábrica ter os pagamentos aos trabalhadores, Segurança Social e finanças em dia. «Os problemas devem-se à falta de encomendas e de trabalho», justifica o sindicalista, adiantando que a situação se deve à liberalização dos têxteis a partir de Janeiro deste ano. «Os interesses do sector têxtil não estão a ser acautelados», critica, recordando a falta de accionamento da cláusula de salvaguarda que permitiria colocar alguns entraves às exportações chinesas até 2008 para permitir aos têxteis portugueses prepararem-se com outro tipo de medidas. A «falta de capacidade das empresas» para se acautelarem para este cenário, «previsível há mais de dez anos», é outra das críticas apontadas por Luís Garra, lembrando que José Robalo, sócio-gerente da FIPER e presidente da Associação Nacional dos Industriais de Lanifícios (ANIL) deveria ter tomado «outro tipo de medidas» enquanto presidiu à Federação Nacional dos Têxteis.

Para já, o sindicalista desconhece a real situação da fábrica têxtil, visto que o anúncio a avisar do recurso ao processo de recuperação apenas foi afixado na última semana. «Fomos surpreendidos com o aviso, visto que os trabalhadores estavam de férias», revela, adiantando que só hoje – dia em que os operários regressam ao trabalho – poderá averiguar melhor sobre o futuro da empresa e dos seus 80 funcionários. Recorde-se que no distrito de Castelo Branco já encerraram quase uma centena de empresas entre 2002 e 2004, estimando-se um universo de cerca de dez mil desempregados. “O Interior” tentou obter um comentário de José Robalo, mas tal não foi possível até ao fecho desta edição.

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