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Fim do segundo ciclo na Barroca Grande contestado

Câmara da Covilhã e Junta de Freguesia de Aldeia de S. Francisco de Assis estão contra encerramento e ameaçam tomar medidas

A Escola de Ensino Básico “Carlos Pinto”, a funcionar desde Setembro de 2004 em pleno coração do couto mineiro, na Barroca Grande, vai deixar de ter neste ano lectivo o segundo ciclo de escolaridade obrigatória.

A notícia, apesar de ainda não ter sido oficialmente confirmada pelo Ministério da Educação, caiu que nem uma bomba na Câmara da Covilhã e na Junta de Freguesia de Aldeia de S. Francisco de Assis. A autarquia já repudiou publicamente a decisão, considerando-a «injustificada», precisamente pelo facto das instalações da escola «serem novas» e porque o «ensino ministrado é de grande qualidade», lê-se na nota enviada à comunicação social. A missiva refere ainda que Carlos Pinto já protestou da decisão anunciada pela Coordenação da Área Educativa (CAE) de Castelo Branco junto da Direcção Regional de Educação do Centro (DREC) e do Ministério da Educação, argumentando que aquele estabelecimento de ensino é «importante» para a comunidade do couto mineiro, para combater a desertificação da zona Sul do concelho e também para o próprio desenvolvimento da Covilhã.

«Descontente» com a medida está José Luís Campos, presidente da Junta de Freguesia local, que também já pediu esclarecimentos à tutela. É que, na sua opinião, a medida irá «contribuir ainda mais para o isolamento» da Aldeia, para além de «prejudicar» os 17 alunos que iriam integrar o quinto e sexto anos no próximo ano lectivo. «Vão ter que se levantar às seis da manhã para irem para uma outra escola», nomeadamente no Paúl ou no Fundão, e que se encontram a mais de 20 quilómetros da freguesia. «Não faz sentido», denuncia, ainda para mais quando foram investidos «mais de 75 mil euros» na construção de raíz da escola, que tem «óptimas condições» para evitar que os alunos tenham que enfrentar más acessibilidades para estudarem noutro local. Sem compreender os motivos da decisão, José Luís Campos atira as culpas para o presidente do conselho executivo do Agrupamento de Escolas de Entre Ribeiras e Paúl. «É o principal responsável», acusa, afirmando tratar-se de uma «posição política». «As Minas da Panasqueira foram durante anos o bastião do PCP. Como as perderam, Vítor Reis Silva tem feito tudo para encerrar a escola», critica.

Por isso, o autarca garante que irá «fazer tudo» para que os alunos não se inscrevam na escola do Paúl. «Prefiro que vão para o Fundão», sustenta, adiantando que irá pedir aos pais para não matricularem os seus filhos na escola paulense. Outra das medidas que o autarca pondera tomar é pedir à Câmara para «não comparticipar o transporte dos alunos, como forma de pressionar o Governo a não encerrar o segundo ciclo», até porque no ano lectivo 2007/2008 haverá «26 ou 27 alunos» a frequentar o quinto e o sexto ano.

«Falta de alunos» na base da decisão

Contactado por “O Interior”, Vítor Reis Silva desvalorizou as acusações de José Luís Campos, referindo que «nem merecem comentários» e confirmou o encerramento do segundo ciclo já neste ano lectivo «por não terem sido destacados professores» para a escola da Barroca Grande. Isto por «não haver alunos suficientes que justifiquem a existência de um segundo ciclo», explica o presidente do conselho executivo do agrupamento escolar. Uma medida que, de resto, vem no seguimento das políticas educativas do Governo PS. Actualmente, o ministério gastava entre 350 a 400 mil euros para manter duas turmas com cinco e 12 alunos, respectivamente no quinto e sexto ano, cada uma com oito ou nove professores, e mais três auxiliares da acção educativa. Embora concorde que o número de alunos não justifica um segundo ciclo naquela localidade, por não contribuir para a socialização das crianças, Vítor Reis Silva faz questão de assegurar que o agrupamento «não é responsável pelo seu encerramento». «É verdade que sempre discordámos da criação do segundo ciclo na Barroca Grande. Mas, tal como no início, não fomos ouvidos quanto ao seu funcionamento ou encerramento», indica, recordando que o agrupamento «sempre fez a gestão escolar» daquelas duas turmas ao longo destes dois anos.

Liliana Correia

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