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Fim de Agosto, princípio de Setembro

Neste fim-de-semana termina Agosto. Apesar de esta informação ser tão evidente como “Portugal fica a Norte de África” ou “os franceses não ganharam a Segunda Guerra Mundial”, com aquela frase servem-se dois propósitos: enquadrar o resto do texto e mostrar o meu desacordo ortográfico (a modernice de 1990 manda tirar os hífens ao fim-de-semana, mas aos fins-de-semana nunca faço o que os burocratas mandam).

Agosto foi o mês da Volta à França e o mês da volta de França. Na primeira, apesar da resistência francesa ao domínio estrangeiro e das esforçadas conquistas de um português emigrante, foi um britânico que chegou à frente a Paris. O Tour não é só ciclismo, é uma aula de história.

A segunda, por outro lado, é uma lição de sociolinguística. Da mesma forma que a Igreja Católica manteve o latim depois do idioma ter desaparecido como língua comum, a língua francesa é hoje assegurada pelos milhares de portugueses que um dia tiveram de sair daqui para ter vidas razoáveis. Não fossem os emigrantes portugueses, os nossos adolescentes julgariam que o francês era uma curiosidade académica como o sânscrito ou o esperanto.

Os incêndios foram a grande novidade de Agosto em Portugal. Não os florestais, mas os autárquicos. Por causa de uma lei mal controlada, a propagação do lume atingiu vários hectares de políticos, alastrou-se para os tribunais e agora há muita gente chamuscada. A um mês das eleições há operacionais que ainda não sabem se podem mudar para outra corporação. E há ainda aqueles fogos independentes, ateados contra antigos companheiros apenas por puro deleite piromaníaco. Sobre estes assuntos não ouvi ainda do Presidente da República nenhuma condolência.

Por: Nuno Amaral Jerónimo

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